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O GOVERNO PRECISA SABER QUE OS EFEITOS DO ISOLAMENTO SOCIAL SÃO DIFERENTES EM CADA PAÍS

Redação - 23/03/2020 08:46 - Atualizado 23/03/2020

O isolamento social é, sem dúvida, a principal medida no combate ao coronavírus. Mas seus efeitos são diferentes a depender da situação social de cada país. Ficou claro no Brasil, por exemplo, como se viu neste final de semana, que em muitas cidades o isolamento foi total nos bairros de classe média e classe média alta, mas que foi muito menos efetivo nas periferias brasileira. Isso não ocorre por falta de comprometimento da população pobre, mas por que é inviável falar em isolamento para quem mora em sub-habitações, com várias pessoas, as vezes um dezena delas, cohabitando em pequenos cubículos, sem a menor condição  de habitabilidade e sem dinheiro sequer para comprar sabão e gêneros alimentícios.

E nesta semana que começa a pergunta que não quer calar é essa: como deixar presos em casa milhões de pessoas que não tem reserva financeira e que precisam sair à ruas para ganhar o dinheiro que vai pagar o almoço e o jantar? O governo vem prometendo uma renda para essas famílias, mas o valor anunciado de R$ 200,00 é insuficiente para a maioria delas e até que a burocracia seja resolvida e o dinheiro chegue o vírus já se espalhou.

Todas as medidas relativas à quarentena são próprias para países ricos, mas ninguém sabe que efeito terá nos países pobres e na sua economia. A suspensão das aulas, por exemplo, parece óbvia para as classes médias e rica, mas para grande parte das famílias que vivem nas favelas e na periferia, isso  significa amontar o barraco onde estão vivendo, tirar o apoio da merenda escolar, e facilitar a disseminação do vírus já que o número de pessoas por metro quadrado nos bairros pobres do Brasil é altíssimo.

Essas questões  não estão postas para questionar  o isolamento, mas apenas para dizer apenas que o governo tem de estar atento ao desenrolar da epidemia e agir no âmbito da saúde e da economia de forma rápida e diferenciada. E que é preciso tomar imenso cuidado para não parar completamente a economia e apoiar aqueles que ficarão desempregados. Há quem afirme, por exemplo, que o isolamento deveria ser focado apenas nas camadas menos resistentes da população, ou seja os idosos. (aqui)

A verdade é que é tudo muito novo nessa epidemia, e o que pode dar certo para um país rico e com pouca desigualdade social, pode dar errado num país pobre, desigual e com características culturais próprias. EP(23/03/2020).

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