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DEBATE  NÃO MUDA NADA, APENAS DIVERTE CADA TORCIDA

Redação - 17/10/2022 08:21 - Atualizado 17/10/2022

O debate entre os dois candidatos a presidente da República seguiu o modelo americano e foi mais interessante sob o ponto de vista do telespectador, mas não mudou nada, assim como nada mudou no debate nos Estados Unidos.

Lula adotou o estilo Biden, até chamou o opositor de cara de pau, como o ex-presidente dos EUA havia feito, e foi muito bem no primeiro bloco usando a pandemia para encurralar o opositor.  Bolsonaro adotou o estilo Trump, que é seu estilo,  e, após ficar na defensiva no caso da pandemia,  partiu para cima do opositor no terceiro bloco do debate usando a corrupção como arma. O problema é que tanto lá como cá esse tipo de debate não muda nada e os eleitores já estão na arquibancada cada um torcendo para seu time, defendendo a jogada de um e de outro.

É certo que Lula pareceu mais verdadeiro durante o debate, até quando tentou explicar o inexplicável esquema do petrolão, mas até aí demonstrava estar preocupado em explicar como aquilo aconteceu, passando aquela que é a sua verdade. Bolsonaro não trabalha com a verdade, é um lutador de boxe e fica apenas esperando uma falha do competidor para encaixar um gancho. O problema é que a maior parte do eleitorado não acredita no que ele diz e até a parcela que o apoia sabe que ele não tem qualquer compromisso com a verdade.

Lula foi muito mal no terceiro bloco do debate quando querendo muito se explicar não administrou seu tempo. Já Bolsonaro trabalhou bem jogando a Operação Lava-Jato na mesa, nitidamente preparado por Sérgio Moro, que ali estava como coach. Mas engana-se quem pensa que a presença de Moro atrai votos, pelo contrário, só ele estar ali já consolida a ideia de que Lula foi vítima de um juiz parcial.

De qualquer modo é sempre bom ter debates e eles fazem bem à democracia. Mas a essa altura o único debate que tem a capacidade de influenciar no resultado da eleição será o da TV Globo e apenas porque, tradicionalmente, o eleitor indeciso resolve seu voto nos últimos dias da campanha e aí o debate na véspera ou antevéspera pode ter alguma importância.

No mais, foi como um combate de MMA: cada um deu seus golpes, mas nenhum levou a nocaute. A luta continua.

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