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TERCEIRA VIA: SERIA POSSÍVEL UMA CHAPA UNINDO O PDT DE CIRO E O PSDB DE DÓREA?

Redação - 05/04/2021 09:48 - Atualizado 05/04/2021

A essa altura, com a pandemia dificultando encontros e articulações, e com cada governador ditando as regras em seus respectivos estados, é difícil acreditar que seja possível reunir em torno de um nome todas as aspirações dos candidatos à presidente  que se colocam como “centro” no espectro político. Mas não há dúvida que o Manifesto em defesa da democracia, assinado por seis presidenciáveis, e lançado na semana passada, foi um passo importante para a união. Entre os seis que assinaram o documento, quatro têm escassas possibilidades de assumirem a liderança nessa corrida: Luciano  Huck  é um outsider, um homem de fora da política e essa eleição, diferente da anterior, não dará oportunidades a outsiders, especialmente àqueles que sequer têm certeza de que querem ser candidatos.

Hoje,Huck é um elemento que dificulta a busca pela união e, sem gosto ou tradição política, mais cedo ou mais tarde, vai optar por dar continuidade à sua vitoriosa carreira artística. Já João Amoedo, diga-se a verdade, não conseguiu trazer qualquer novidade com seu partido Novo, e tampouco têm cacife político ou eleitoral para  liderar uma candidatura de centro. Por outro lado, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) e o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM) são nomes expressivos e que podem compor qualquer chapa de centro, mas na condição de candidato a vice-presidente.

Sobram Ciro Gomes e João Dórea, estes sim, com capacidade política, estrutura partidária e base inicial de votos capazes de enfrentar a polarização Lula/Bolsonaro. Se fosse possível construir uma aliança entre o PDT e o PSDB, o país teria um opção real de terceira via, pois o DEM se uniria ao grupo, garantindo o apoio aos seus candidatos à governador em estados chaves. O problema são as diferenças quase intransponíveis entre Ciro Gomes e os caciques do PSDB.

E, entre essas diferenças, estão o projeto econômico de cada grupo. Se quiser se aproximar do PSDB, Ciro Gomes precisa refluir um pouco no seu projeto desenvolvimentista e aceitar um programa de privatizações e um Estado menor, ainda que com forte atuação social. O melhor caminho para isso seria estabelecer a união de partidos de centro com base num documento expresso, com metas e propostas definidas. Seria muito difícil encontrar um eixo razoável que unisse à todos e, mais difícil ainda, ter a garantia de que esse documento seria levado à sério pelo vencedor.

Na verdade, a hipótese de união entre o PDT de Ciro e o PSDB é quase irrealizável, mas “se livre pensar é só pensar”, como diria Millôr, a chapa com mais condições para enfrentar os gigantes “Lula e Bolsonaro” seria aquela que teria um Ciro, reciclado, como candidato à Presidente da República, com Dórea optando por ser candidato a reeleição e o PSDB indicando um nome forte como vice.  Eduardo Leite poderia ser esse nome e o DEM unindo-se à chapa teria, naturalmente,  a garantia de apoio aos seus candidatos à governador, a exemplo de ACM Neto aqui na Bahia. Mas não se empolgue, leitor, a política não funciona assim, na base da racionalidade, e o que vem por aí são candidaturas soltas, com Ciro atirando para um lado e PSDB e DEM para outro. Lula e Bolsonaro agradecem. (EP- 05/04/2021)

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