No mundo das finanças globais, se uma empresa ou banco tem uma dívida a receber e teme que o devedor não pague, a saída é fazer um seguro contra o risco do calote. É o CDS (Credit Default Swap) na sigla em inglês. O risco original, que era de quem emprestou o dinheiro, passa ser da seguradora. Só que ela cobra caro por isso. Quanto maior o risco (ou temor) de não receber, maior o valor cobrado pelo seguro.
O Brasil não está bem na foto. Nos últimos três meses, a percepção de risco dos investidores subiu 76%. Esse risco, medido pelo CDS, passou de 144,3 pontos em 12 de março para 253,8 pontos na segunda-feira (11).
E qual a consequência prática para um país que vê seu risco aumentar na percepção dos investidores? Se vê obrigado a pagar juros mais altos na hora de contratar empréstimo. Quando falamos país, não estamos falando apenas do governo do país, mas de suas empresas e bancos que eventualmente precisam tomar dinheiro lá fora. Enfim, investir no Brasil fica mais caro.
Mas o Brasil não está sozinho. A piora foi generalizada entre os emergentes. Com a alta dos juros nos Estados Unidos – que deve galgar mais um degrau esta semana –, os títulos norte-americanos ficaram mais atraentes, com risco praticamente zero e, com isso, o fluxo dos investimentos se inverteu.
Os bancos centrais ao redor do mundo também reduziram, um a um, os antes abundantes estímulos às economias e a fartura acabou. “É um momento de menor liquidez, em que os investidores ficam mais criteriosos e começam a separar o joio do trigo”, diz o economista Silvio Campos, analista de macroeconomia da Tendências Consultoria e responsável pelo levantamento. (G1)