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O QUE PRETENDIA JANOT AO DIZER QUE PENSOU EM ASSASINAR GILMAR MENDES?

Redação - 30/09/2019 09:00 - Atualizado 30/09/2019

Qual teria sido o objetivo do polêmico ex Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, ao divulgar que compareceu a uma sessão do Supremo Tribunal Federal armado e com intenção de assassinar o Ministro Gilmar Mendes? A resposta mais provável é que foi  uma jogada de marketing do ex-procurador que, para tornar seu livro de memórias um best-seller, contou uma história rocambolesca, praticamente impossível de se provar, mas que vai de encontro ao desejo de dezenas de internautas que, ao saber do ocorrido, postaram nas redes sociais o mote irresponsável: “Janot, continue tentando”.  Se essa hipótese for verdadeira, Janot, agora aposentado, pode até vender muitos livros, mas estará desmoralizado e terá cuspido na biografia que está publicando, ao tornar público sua insanidade, seu desprezo pela lei e pela instituição que presidia.

Aliás,  neste país a credulidade é tamanha que em tudo se acredita: Fake News, montagens grosseiras de fotos, histórias contadas por Joesley Batista e avalizadas pelo próprio Janot,  delações inconsequentes e declarações de inocência de corruptos comprovados. E, convenhamos,  por momentos parece que a intenção do ex-procurador e de sua confissão impossível de ser provada apenas comprova que no Brasil é possível acreditar em qualquer coisa e que a versão é mais importante que o fato.

A segunda possibilidade seria uma tentativa de ex-procurador de desmoralizar o Ministério Público, o Supremo Tribunal Federal, que admite um potencial assassino sentado ao lado do presidente da corte suprema, e de quebra a Operação Lava-Jato, cuja essência está na ação da Polícia Federal e do próprio Ministério Público. Com sua confissão, Janot põe em dúvida, acima de tudo,  a credibilidade do Ministério Púbico que coloca no topo de sua hierarquia um potencial assassino disposto a fazer Justiça com as próprias mãos. Pense em um absurdo, no Brasil tem precedência, diria Mangabeira.

E o absurdo é tanto que corre nas redes sociais uma teoria conspiratória afirmando que Janot fez tudo isso para que a Polícia Federal fizesse buscas em sua casa e pudesse assim levar seu tablet com as provas que incriminariam Gilmar Mendes. Pois é, no Brasil a versão é tudo, o fato é nada. E o pior é que Rodrigo Janot confessou um crime que apenas pensou em fazer  o que significa que a Justiça pode fazer pouco a respeito. Enfim, o Brasil definitvamente não parece um país sério.(EP- 30/09/2019)

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