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ADARY OLIVEIRA – EM BUSCA DE UM BOM EMPREGO

Redação - 07/06/2021 09:12

Durante os muitos anos que me dediquei ao ensino em cursos de engenharia, administração e economia, era sempre procurado pelos alunos desejosos de aconselhamentos sobre o seu futuro profissional.Eu costumava lhes fazer algumasrecomendações úteis para quem estava prestes a concluir um curso de graduação e iniciara vida de atuação profissional. Começava dizendo que eles deveriam sempre procurar algo que gostassem defazer, onde se sentissem bem, considerando a individualidade de cada um e a sua personalidade. Naturalmente a procura de um emprego era restrita aos que não desejavam se estabelecer como empresário, dono de seu próprio negócio, comportamento que no Brasil é cercado de muitos desafios.

Sempre que alguém deseja desenvolver suas atividades profissionais em empresas brasileiras, é bom que conheçam algumas particularidades delas, por ajudar na conciliação de suas pretensões futuras. Entre as empresas privadas é muito comum o tipo cujo comando e controle pertencem a uma família. Por mais que você venha a gostar daocupação e esteja de acordo com as diretrizes e valores da organização, é muito difícil galgar uma posição de liderança, geralmente reservada para os parentes. Em algumas dessas empresas os principais acionistas se colocam com outros membros da família nos conselhos de administração contratando profissionais para os cargos de direção. Elas existem, mas são raras no mercado.

No caso de uma empresa brasileira controlada por uma multinacional, que estabelece estratégias que lhes assegure sobrevivência, considerando as questões relativas a hegemonias dos mercados, atualizações tecnológicas e maximização de seus resultados, os principais dirigentes vêm de fora daqui e seguem regras de promoções internacionais. As principais decisões são tomadas no exterior e os executivos locais quase nada têm a discutir. Só lhes cabe executar as ordens. São raros os casos em que dirigentes brasileiros assumem posições de relevo nelas e quando conseguem, devem estar plenamente alinhados com suas políticas globais.

Um outro modelo de empresa muito comum é odas estatais. Algumas delas admitem o ingresso através de concurso e oferecem a tão desejada estabilidade. Na maioria a conquista de posição de prestígio, de cargo de direção, por exemplo, depende de indicação de políticos alinhados com o governo. Por mais que se esforcem,os colaboradores do quadro permanente não conseguem impedir as mudanças frequentes das políticas que norteiam os negócios. Como consequência, as alterações de rumo acontecem proporcionando indesejáveis descontinuidades, prejudicando a boa administração.

Uma quarta alternativa é o ingresso no serviço público. Ele é revestido de vantagens como a estabilidade do emprego, aposentadoria com a remuneração de carreira e nível salarial muitas vezes superior à da iniciativa privada, principalmente se o setor escolhido for o judiciário. O profissional tem de ler a cartilha da repartição, seguir as regras de promoção e contar o tempo de serviço até alcançar a aposentadoria. Existem organismos do estado que permitem que o profissional seja colocado à disposição de outro órgão público, melhorando a remuneração econtabilizando o tempo de serviço prestado.

As quatro alternativas aqui colocadas representam um simples resumo, mas com boa indicação. Vale a pena lembrar que as multinacionais se concentram em atividades de melhor resultado e de áreas protegidas por barreiras.Elas impedem a entrada das nacionais com grandes investimentos, maior densidade tecnológica, cartelização do setor e adoção de outras práticas protecionistas. Isso restringe a atuação dos profissionais e limitam o progresso deles nas suas carreiras. Por outro lado, as empresas locais se concentram mais em atividades menos rentáveis como indústria de materiais de construção, alimentos, agropecuária e comércio de pequeno porte.

De qualquer modo, se um jovem profissional deseja escolher a área onde quer atuar, uma análise mais cuidadosa vai lhe permitir saber com que tipo de patrão terá que conviver, se o estado, empresário privado nacional ou internacional, ou se pretende enfrentar as muitas adversidades legais e dedicar-se a uma atividade de maior risco no campo empresarial.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]

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