Bem dizia Tancredo Neves, quando afirmava que a política era como as nuvens que mudavam de posição a cada momento. Vejam, por exemplo, o caso de Guilherme Belintani, um nome disputado por vários partidos como candidato na eleição para prefeitura de Salvador. Não faz um mês, a pré candidatura de Belintani velejava em céu de brigadeiro, com o Bahia ganhando todas e quase a um passo da Libertadores , o ex-governador Jaques Wagner dizendo para quem quisesse ouvir que ele poderia ser o candidato da base do governo e vários partidos de braços abertos para abriga-lo.
De repente, tudo mudou. O Bahia não vence há nove partidas e, queiramos ou não, isso desinflou sua candidatura. Por outro lado, a vinda do ex-presidente Lula a Bahia reduziu seu campo de ação, pois a orientação do ex-presidente no sentido de que o PT precisa apresentar candidato próprio nas eleições municipais deixou Belintani frente a um dilema: ou se filia ao partido ou não terá seu apoio na disputa, pelo menos no primeiro turno.
E o dilema é maior, afinal, se tomar a decisão de se filiar ao PT vai ter de enfrentar o desejo manifesto dos seis postulantes da sigla que esperam apenas sua filiação para começar a bombardeá-lo e, além disso, enfrentar a desconfiança dos militantes que anseiam por um candidato puro-sangue e dificilmente aceitarão que um recém chegado ao partido seja brindado tão facilmente com a escolha e o apoio. Mesmo que o governador Rui Costa opte pelo nome de Belintani e patrocine sua filiação e candidatura não vai ser fácil convencer o presidente Lula e os líderes partidários a apoiar um “pupilo” de ACM Neto, ainda que ele venha afirmando sua independência.
Mas, apesar de tudo isso, o presidente do Bahia tem pontos a seu favor pois a população soteropolitana está a exigir do novo prefeito a capacidade gerencial que Belintani já demonstrou ter e, além disso, seu nome seria uma forma de misturar a popularidade da gestão de ACM Neto, que boa parte dos eleitores querem manter e da qual ele participou, com o discurso social do PT e de Lula. O dilema é grande e passa ainda pela possibilidade de Belintani correr por fora deixando a pole-position com os candidatos de ACM Neto e Rui Costa e lutando por uma vaga no segundo-turno. O problema é que na segunda fila ele terá de correr junto do pastor Isidório, de Léo Prates e tantos outros que vão aparecer. (EP – 25/11/2019)