A escolha pelo governador Rui Costa da major Denice Santigo como a provável candidata do PT nas eleições para Prefeitura de Salvador ainda não está bem explicada. Denice é mulher, negra, policial séria com serviços prestados à população (na Ronda Maria da Penha), mas seu peso eleitoral e político é próximo a zero. Como explicar então a escolha do governador? Só há duas hipóteses. A primeira parece indicar que o Rui tem enorme crença no seu pessoal de marketing e na capacidade de transferir sua popularidade para uma candidata praticamente desconhecida.
É próprio da atividade política a crença no potencial dos candidatos apresentados, mas, por mais que o marketing governamental seja competente, e efetivamente o é, não será fácil em pouco mais de seis meses levar um candidato de peso político zero ao segundo turno, especialmente em uma eleição cujos votos vão ser pulverizados entre muitos postulantes. A estratégia de marketing pode focar na condição de mulher e negra de significativo apelo na população e atributos da major Denice, mas atributos semelhante e muito mais peso político tem Olívia Santana, provável candidato do PC do B. O marketing pode colar o nome de Denice ao do governador Rui Costa, mas não poderá colar nela o fama de boa gestora, já que sua experiência administrativa é muito pequena.
Além disso, o tempo disponível na televisão para tornar conhecida a candidata não será tão grande, já que os partidos da base provavelmente manterão suas candidaturas de olho nos vereadores que pretendem eleger e, para completar, a major Denice terá muito trabalho para tirar votos do pastor Sargento Isidório, que ocupa a mesma faixa de influência eleitoral que ela poderia ter. De todo modo, se a estratégia der certo e a candidata for para o segundo turno será uma vitória de peso do governador e de sua equipe de marketing.
Mas há ainda uma segunda hipótese para a escolha ter recaído na major Denice e esta aponta para a possibilidade de Rui a ter escolhido mesmo sabendo que dificilmente ela chegaria ao segundo-turno. Nessa hipótese o governador teria consciência que sua candidata não iria para o 2º turno, mas, apesar disso, teria feito jus a sua pregação por novos tempos na política, indicando um nome novo e respeitado e jogaria pesado para eleger um grande bancada de vereadores do PT. Além disso, jogaria todo seu peso político e da bancada que elegeu no apoio aquele candidato da base que chegasse ao segundo turno.
E aí as opções recairiam para Olívia Santana – que se tiver Lídice da Matta como vice se tornará muito competitiva – ou para o pastor Sargento Isidorio – que se conseguir alianças que lhe deem tempo de televisão e um vice respeitado e reconhecido como gestor – será o principal adversário de Bruno Reis. Aqui vale destacar, para quem achava que a candidatura de Isodorio seria apenas uma piada, a desenvoltura com que ele vem dando entrevistas nas rádios de Salvador, mostrando que de bobo não tem nada. A escolha da major Denice pode ter obedecido a uma estratégia bem montada pelo governador, mas falta garantir que Bruno Reis não se eleja no 1º turno, hipótese que se torna muito mais factível se for confirmada a aliança com o PDT e Léo Prates ocupar o lugar de vice na chapa do Prefeito. Veja aqui. (EP-17/02/2020)