A disputa pela Prefeitura de Salvador começa oficialmente nesta segunda-feira (6) com o anúncio pelo prefeito ACM Neto do nome de Bruno Reis como pré-candidato à sua sucessão. Neto saiu na frente, colocou o time em campo, já tem apoio de vários partidos e a partir de agora vai em busca de novos apoios, negociando inclusive a escolha do candidato a vice. Já a oposição, pelo contrário, se mostra desarticulada e são muitos os nomes ainda em avaliação. É inevitável o contraponto com a eleição para o governo do Estado em 2018 quando se deu exatamente o contrário: o governo montou sua chapa com antecedência e a oposição capitaneada por ACM Neto se perdeu na indecisão, com o Prefeito demorando demais para tomar uma decisão para terminar apresentando o nome de José Ronaldo, um anticandidato, que já iniciou o pleito vencido.
Mas por que motivo a oposição parece tão desarticulada faltando cerca de 8 meses para o pleito? O motivo principal talvez seja o fato da eleição não permitir coligação nas eleições proporcionais, o que faz cada partido pensar em ter candidato próprio para assim puxar votos para fazer a bancada de vereadores. Aliás, essa regra dá razão ao governador Rui Costa que insiste na estratégia de apresentar vários candidatos e só formalizar a união de sua base no segundo turno. Faz sentido, especialmente quando não se tem um nome forte para catalisar a união, mesmo sem coligação proporcional, como fez o Prefeito ACM Neto.
Mas fica a pergunta: por que durante todo o ano de 2019 as lideranças políticas não investiram em um nome que pudesse enfrentar Bruno Reis? Nesse equivoco, muitos tem responsabilidade, a começar por aqueles que inflaram uma possível candidatura de Guilherme Belintani que não tinha, nem nunca teve o aval do governador do Estado, nem dos líderes dos principais partidos de sua base, embora contasse com uma certa condescendência de alguns líderes do PT. Perdeu-se meses e meses inflando um nome com fortes ligações com o Prefeito ACM Neto e que não teria flexibilidade para transitar num arco político tão amplo quanto o que compõe a base política do governo. Isso sem contar que aqueles que formam a nova geração de políticos que está surgindo na Bahia, incluindo aí Belintani e o Prefeito ACM Neto, só entram no jogo se estiverem preparados e para ganhar ou, pelo menos, com a garantia de que vão disputar a final. Aliás, a afinação é tanta, que as justificativas de Belintani para sua decisão de desistir da disputa pela prefeitura foram muito semelhantes às do Prefeito ACM Neto quando, em 2018, desistiu de disputar o governo do Estado. Mas isso é jogo jogado e, afinal, foi bom para o Bahia que permanecerá com um presidente sério e comprometido à frente do clube.
Com tanto tempo perdido, o que ficou mesmo para as oposições foi a estratégia de apoio a vários candidatos defendida pelo governador Rui Costa e fundamental para manter a união da base no âmbito do governo. Nessa estratégia, aparecem nomes mais competitivos, como o do pastor Sargento Isidorio, outros que podem crescer na disputa e aqueles que vão apenas competir. Mas o filme não acaba aí, afinal ainda pode aparecer um novo protagonista e falta avaliar qual será o papel de Lula e Bolsonaro na fita, mas isso é assunto para outro artigo.