O Indicador de Reserva Financeira apurado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revela que parte dos consumidores está tendo que recorrer às suas reservas financeiras para lidar com imprevistos, entre outras situações. Em cada dez poupadores, quatro (41%) sacaram ao menos parte dos recursos que possuem guardados no último mês de março.
A maior parte recorreu a esse dinheiro para lidar com alguma situação emergencial, citada por 12% das pessoas ouvidas. Outros 9% utilizaram parte da reserva porque os rendimentos que possuem não foram suficientes para cobrir as despesas e demais compromissos. Os que fizeram saques para adquirir algum bem também somam 9% da amostra. “A grande vantagem de ser um poupador é poder contar com uma reserva para situações inesperadas. Isso traz mais segurança e previsibilidade no dia a dia do consumidor, que não precisará recorrer a empréstimos para superar um momento de dificuldade financeira”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
De modo geral, o indicador revela que mesmo com a tímida melhora recente do cenário econômico, o hábito de poupar continua pouco frequente entre os consumidores brasileiros, o que indica que a crise econômica não é o principal motivo desse comportamento. No último mês de março, apenas 20% dos brasileiros conseguiram concluir com sobras no orçamento para investir. E a quantia média foi de R$ 491,06. Os que não guardarem nenhum centavo de seus rendimentos formam 73% dos entrevistados, dado ligeiramente maior que o observado em março do ano passado, quando estava em 76%.
Questionados sobre o hábito de poupar, e não somente sobre a poupança no último mês, quase um terço dos consumidores sondados (32%) disse possuir esse costume, sendo que 10% estipulam um valor fixo a ser poupado e 22% guardam apenas o que sobra do orçamento. Os que não possuem o hábito de poupar formam 60% dos consumidores. Entre aqueles que não pouparam em março, a baixa renda é a razão mais mencionada, com 44% de citações. Isso faz com que a taxa de poupadores das classes C, D e E seja ainda menor do que a média total, de apenas 15% dos entrevistados (contra 37% dos brasileiros de mais alta renda). Outras razões também dadas como justificativas para não pouparem são os imprevistos (19%), não possuírem renda no momento (14%) e o descontrole financeiro (9%). “
Entre aqueles que costumam poupar, novamente o imprevisto é a razão mais citada para se ter esse tipo de precaução. Mais da metade (51%) dos entrevistados citaram essa opção ao serem questionados. Quase um terço (32%) guardam dinheiro para garantir um futuro melhor a família, enquanto 27% querem estar preparados para uma situação de desemprego e 19% almejam realizar alguma viagem.