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ELEIÇÕES NA BAHIA: HÁ QUEM VEJA ESPAÇO PARA UMA CHAPA ESPÚRIA COM NETO GOVERNADOR E LULA PRESIDENTE

Redação - 03/01/2022 09:50 - Atualizado 03/01/2022

Apesar do desejo do ex-prefeito ACM Neto de estadualizar a eleição para governador, fugindo das discussões sobre a política nacional, essa hipótese não existe. E não existe por vários motivos. O primeiro deles é que Jaques Wagner, candidato do PT ao governo do Estado, vai precisar federalizar a eleição se quiser se aproximar de ACM Neto, que ostenta números nas pesquisas eleitorais que representam quase o dobro da pontuação do ex-governador.

O outro motivo é que o Presidente Bolsonaro foca sua política na polarização total com Lula, de modo a atrair a militância de direita e centro-direita e, nesse quadro, o seu provável candidato à governador, João Roma, se quiser crescer terá também de federalizar a campanha para reduzir o potencial eleitoral de Neto, trazendo a Bahia para a polarização. Nesse contexto, quais as alternativas de ACM Neto que hoje lidera com folga as pesquisas eleitorais?

Uma primeira alternativa seria fazer uma composição com Bolsonaro, trazendo João Roma para sua chapa e assumindo a polarização,  abrindo o palanque estadual para o Presidente, mas essa possibilidade parece descartada no cenário eleitoral baiano, no qual Lula é imbatível. Trazer a polarização Lula/Bolsonaro para a Bahia seria eleger Jaques Wagner. A outra possibilidade é a que está sendo desenhada por Neto, ou seja, deixar que o desgaste do apoio a Bolsonaro fique com João Roma, sabendo que no segundo turno eles estarão juntos, e pongar na candidatura de terceira via mais bem colocada, fugindo como o diabo da cruz da federalização da campanha.

Essa alternativa não tem, no entanto, qualquer possibilidade de dar certo, afinal, tanto Roma quanto Wagner vão bater em Neto, obrigando-o a entrar no ringue da polarização nacional. Resta, porém, uma terceira alternativa que está sendo divulgada no interior pelos apoiadores de ACM Neto e que supõe a possibilidade do eleitor adotar uma chapa híbrida com Lula como presidente e Neto como governador. O ex-prefeito já vem dando sinais de simpatia por essa alternativa e em recente entrevista admitiu que seus arroubos prometendo uma surra em Lula era coisa de um jovem deputado sem experiência.

Hoje ele estaria maduro o suficiente para transitar de forma civilizada num quadro político em que a figura do ex-presidente seria preservada. Ora, a chapa informal Lula/Neto faz brilhar os olhos do ex-prefeito, mas não será fácil administrar essa anti polarização, afinal, na campanha, o ex-presidente virá para cima dele na tentativa de catapultar Jaques Wagner.

A hipótese do eleitor optar por uma chapa espúria, com Neto para governador e Lula para presidente, existe, afinal o eleitor é soberano e não segue necessáriamente a indicação de partidos. Aliás, uma chapa assim tem precedente na famosa chapa Jan-Jan que elegeu Jânio Quadros para presidente e Jango Goulart para vice, candidatos de partidos e ideologias opostas, mas esses eram outros tempos e hoje será muito difícil administar essa anti polarização.

Os cenários estão, portanto, definidos e mostram uma campanha dificílima na Bahia que vai demandar estratégia e competência dos postulantes ao governo.

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