Por: João Paulo Almeida
Bahia Econômica – Como o senhor avalia a proposta que tramita no congresso que insere taxas para alunos na universidade pública?
Tiago Correia: É preciso, sobretudo, um debate amplo envolvendo a sociedade civil, os entes, os estudantes, sem nenhuma politização envolvida. É preciso saber que hoje há muitas pessoas de classes A e B que estudam em universidades públicas, por justamente a Bahia não oferecer na rede pública a mesma qualidade de ensino da rede privada. Infelizmente há defasagem muito grande na educação entre escolas estaduais e privadas. Ou podem ser criados cursos de extensão pagos, aproveitando o corpo docente e a estrutura já instalada. Com isso, mantém a gratuidade na graduação.
Bahia Econômica – A proposta pode diminuir a qualidade dos alunos que buscam entrar nas universidade pública? Já que todas vão ser pagas?
Tiago Correia: A universidade pública sempre foi sinônimo de qualidade de ensino, e isso vem se perdendo ao longo dos últimos anos. É um fato. É preciso uma discussão ampla justamente para ponderar todos os fatores.
Bahia Econômica – As estruturas das Universidades Federais da Bahia deixa muito a desejar em relação a outras Universidades federais pelo Brasil. Você acredita que as taxas pode solucionar esse problema na Bahia?
Tiago Correia: Outro fator importante a ser considerado. Para onde iriam essas mensalidades? O início desse debate é importante, avaliar estudos, pesquisas. De nada adianta arrecadar se os recursos não forem investidos da maneira correta.
Bahia Econômica – As Universidades particulares podem se beneficiar dessa taxa visto que é possível que elas recebam alguns alunos que optem por melhores estruturas?
Tiago Correia: Não acredito nisso. Entendo que o projeto busca privilegiar os estudantes de baixa renda. Não existem dados e elementos que mostram um possível favorecimento às universidades privadas.
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