Várias associações de empresários baianos estão se manifestando sobre a necessidade de reabertura do comércio na Bahia e o presidente da FCDL – Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas da Bahia, Antoine Tawil, chegou a estabelecer a data limite de 1 de junho para a retomada das atividades comerciais, alertando para os problemas sociais e a quebra generalizada de empresas.
O prefeito ACM Neto, por seu turno, se mostra cada vez mais preocupado com o avanço da pandemia em Salvador e vem reiterando o risco do sistema de saúde entrar em colapso entre o fim de maio o início de junho, o que, por si só, já coloca dúvidas sobre a possibilidade de reabertura do comércio em 1 de junho. E o governador Rui Costa afirmou em debate na Globo News que todos os governantes querem reabrir o comércio, mas que é preciso ter responsabilidade com a vida humana.
Tanto os gestores públicos quanto os empresários estão corretos em seus posicionamento e, como sempre ocorre nesses casos, é preciso buscar um meio termo. Esse meio termo estabelece uma avaliação do comportamento das curvas de contágio e mortes nesses próximos 15 dias de março e essa avaliação tem de ser feita espacialmente e com a ampliação do número de testes de modo a estabelecer em que locais da cidade o contágio vem se dando de forma mais disseminada e a partir daí estabelecer um plano de reabertura gradual e em pontos específicos.
A experiência do Rio Grande do Sul é um bom exemplo de tenteativa de encontrar um meio termo, embora por lá o número de casos de coronavírus seja menor e o número de mortos também. No Rio Grande do Sul, foram estabelecidos graus de gravidade da pandemia, e decreto da Secretaria Estadual da Saúde liberou a reabertura dos shoppings centers em 20 regiões gaúchas identificadas com as bandeiras amarela e laranja, mantendo fechadas aquelas com bandeira vermelha ou preta. Isso permitiu também certa flexibilização e uma retomada gradual das atividades de profissionais autônomos, liberais, microempreendedores individuais e microempresas.
Esse é um caminho a ser seguido pela Bahia e por Salvador, embora na capital seja mais difícil estabelecer limites espaciais de maior ou menor contaminação.
De todo modo, tanto a Prefeitura de Salvador quanto o governo do Estado precisam começar a estudar formas de reabertura gradual da economia em junho, para assim evitar a quebra de empresas e a ampliação do desemprego, que em Salvador atingiu quase 19% no primeiro trimestre, o maior índice do país. Veja aqui.
Mas, ao mesmo tempo, não vamos esquecer que o avanço dos casos e das mortes nos próximos 15 dias é quem vai definir todo e qualquer movimento do poder público, não estando descartado a possibilidade de um lockdown, afinal as UTIs para os casos de covid-19 já estão 60% ocupadas e, embora ainda sob controle, a situação pode degringolar.
Assim, é somente após avaliar até o final do mês a capacidade do sistema público de saúde de Salvador de enfrentar a agudização da pandemia que será possível tomar decisões efetivas sobre a retomada da economia. Mas já é hora do poder público apresentar um plano de reabertura das atividades, acendendo assim uma luz no fim do túnel. (EP – 18/05/2020)