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ADARY OLIVEIRA- UM POUCO DE HISTÓRIA: O CIA E O POLO

Redação - 06/01/2020 08:25

O Centro Industrial de Aratu (CIA) foi fundado em 1967 quando Lomanto Júnior governava a Bahia. Seu primeiro Superintendente foi Ângelo Calmon de Sá e originava notícia de televisão quando embarcava para o Rio ou São Paulo em busca de investidores: “… viajou hoje para São Paulo o Superintendente…”, dizia o repórter. Foi uma das primeiras áreas industriais planejadas no Brasil, logo após a Cidade Industrial de Contagem, nas proximidades de Belo Horizonte (BH). Entre Candeias e Simões Filho, ocupando também pequena área de Salvador e Lauro de Freitas, o CIA foi um sucesso tal que a Sudene retirou a prioridade A da Bahia, pois toda nova indústria queria ser localizada no CIA, prejudicando os demais estados do Nordeste.

Zoneado em quatro áreas (Indústrias Pesadas, Indústrias Médias e  Leves, Agronegócio e Portuária), a administração do CIA tratou de construir o Porto de Aratu, equipamento que visava a atração de indústrias. Inaugurado pelo Presidente Geisel em 1975 com apenas um dos píeres de granéis sólidos, o Porto foi construído com recursos dos royalties do petróleo e financiamento do BID, na época em que a Bahia era o estado de maior produção desse óleo e gás natural. Apesar de se ter o cuidado de construir as rodovias internas, rede de transmissão de energia elétrica, linhas telefônicas e reservatórios de água, não se pensou no suprimento das utilidades (água potável, água desmineralizada, vapor, gases industriais), estação para tratamento dos efluentes industriais, segurança coletiva do trabalho e monitoramento do ar atmosférico. Tinha uma grande vantagem em relação a Contagem: os ventos que passavam sobre Salvador, vindos do mar, seguiam depois para o interior onde estava o CIA. Em Contagem, osventos passam primeiro sobre a área industrial poluindo o ambientee seguindo na direção de BH.Tudo era difícil no CIA e como foiintrincado justificar perante o BID a construção da rodovia CIA-Aeroporto, hoje duplicada e a de maior tráfego do Estado. Ela ligava o nada com a coisa nenhuma.

Os serviços de terraplenagem do Polo Petroquímico de Camaçari tiveram início em janeiro de 1974. Quatro anos e meio após foram inauguradas 26 unidades industriais dentro do prazo previsto e sem serem gastos totalmente os US$6 bilhões orçados, numa época que não existiam calculadora eletrônica ou computador. Começava a funcionar assim o maior complexo industrial integrado do Hemisfério Sul, com um porto, uma central de tratamento de efluentes, uma central de utilidades, uma central de manutenção, um centro de pesquisas e uma área residencial. O Porto de Aratu foi ampliado com mais três píeres: granéis sólidos, granéis líquidos e produtos gasosos.Por aí eram desembarcados a nafta, em complemento à suprida pela Refinaria Landulpho Alves (RLAM), e outas matérias primas e, por onde, escoavam váriosprodutos das fábricas.

O Polo foi inaugurado pelo governador Roberto Santos, sucessor de Antônio Carlos Magalhães, ambos responsáveis pela construção de toda infraestrutura, e cumprindo uma profecia de Luiz Viana Filho quando anunciou a localização do Polo juntamente com Garrastazu Médici, em memorável ato no Palácio Rio Branco, dizendo “a Bahia não vai ficar ancorada em Aratu”.

Histórias como essas precisam ser lembradas para que não se perca da memória os feitos da época de grandes sonhos. Se não se alcançou o desenvolvimento que todos desejavam, com eliminação da pobreza e formação de robusta classe média, muito se fez. O que seria da Bahia sem o CIA e sem o POLO! Com certeza mais pobre e subdesenvolvida. Entretanto, a infraestrutura industrial construída, os recursos humanos formados ao longo do tempo e o produto industrial criado, são hoje, sem dúvida, os alicerces para voos de longo alcance e a base para a realização dos sonhos ainda não concretizados. É inegável que tudo o que foi feito servirá de suporte para o lançamento das atuais startups com suas invenções, inteligências artificiais, smarthphones e robótica, contribuindo para superação da informática e da cibernética, faladas e cantadas nos anos de construção do CIA e do Polo.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor – [email protected]

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