No atual momento, quando se trata da eleição para a Prefeitura de Salvador, existe uma certeza e um monte de incertezas. A certeza é uma só: o vice-prefeito Bruno Reis será o candidato do DEM e terá o apoio do Prefeito ACM Neto. Tudo o mais é incerteza e especulação. E mesmo no apoio de ACM Neto a Bruno Reis, há incertezas, pois ele pode não ser exclusivo, ou seja: outros candidatos no arco de alianças do prefeito poderão concorrer e, se forem competitivos, poderão contar com sua simpatia e apoio.
É o caso, por exemplo, de Leo Prates, atual secretário de Saúde do município, que pode se filiar ao PDT e sair candidato pelo partido. Essa hipótese, no entanto, está plena de incertezas. Há dúvidas, por exemplo, se o PDT, que hoje está alinhado ao governador Rui Costa terá a capacidade de se manter no governo e, ao mesmo tempo, apoiar um candidato que é adversário do governo. Será uma proeza digna da política brasileira, mas dificilmente passará na garganta do governador Rui Costa, sendo mais provável que, se for concretizada a aliança com o DEM, os postos ocupados pelo PDT no governo estadual sejam negociados com outras legendas.
No âmbito da oposição, as incertezas também são muitas. Aliás, são muitos os candidatos citados, mas nenhum parece consolidado. O pastor Sargento Isidorio, por exemplo, mais se parece com um anticandidato, posto para tirar votos do candidato da situação, do que um candidato com reais chances de ganhar as eleições. Aliás, se conseguir ganhar a disputa e chegar ao poder, o grupo que o apoiou terá um problema pela frente, já que um candidato que se autodenomina de “doido” e cujas ideias assim se assemelham vai endoidar a administração e a política em Salvador. Apoiar o Sargento Isidório é ser responsável pelo que ele vai fazer quando estiver no poder.
Outro possível candidato seria o atual presidente do Bahia, Guilherme Bellintani e, nesse caso, sob o ponto de vista administrativo a cidade estaria em boas mãos. A incerteza aí é de outra ordem e passa pela ojeriza que parte do PT e de sua militância tem ao seu nome, não só porque entrou na vida pública pelo mãos do Prefeito ACM Neto, mas também porque sua entronização seria o reconhecimento de que o PT não tem quadros capazes de disputar o pleito. Bellintani é, no entanto, o candidato da oposição que tem mais condições de crescer e a menina dos olhos de líderes como Rui Costa e Jaques Wagner, mas se o PT apresentar candidato – seja Pellegrino, Jorge Solla, Valmir Assunção ou Robinson Almeida – suas chances se reduzem sobremaneira, já que a militância do partido, tradicionalmente forte em Salvador, descartaria seu nome.
O candidato Niltinho do PP é um nome novo, com discurso bem estruturado e apoio partidário, e com enormes possibilidades de crescimento, mas ainda é desconhecido em Salvador. No âmbito do PSD não há nome definido e o partido deve seguir na base de Rui na campanha eleitoral de 2020, conforme entrevista do senador Otto Alencar ao Bahia Econômica. Aqui, vale lembrar que se o PSD abrir mão da candidatura majoritária no pleito, estará também abrindo mão de uma bancada de vereadores.
No mais, resta a candidatura de Lídice da Matta, que tem recall, mas poucas chances de obter apoio e um forte movimento de candidatos e candidatas negras, chamado de “Eu quero Ela” referindo-se a Prefeitura de Salvador. Esse movimento, que tem pré-candidatos expressivos, pode, se alguma deles obtiver apoio partidário, surpreender tornando-se competitivo, especialmente em uma cidade cuja população é majoritariamente negra. Mas também aí a incerteza é grande, pois são muitos os nomes e poucas as definições. Em suma: por enquanto a eleição para Prefeitura de Salvador é uma incerteza só. (EP – 23/10/2019)