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ARMANDO AVENA: A BAHIA E OS UNICÓRNIOS

Redação - 12/04/2019 07:06 - Atualizado 12/04/2019

Antigamente, quando se perguntava a alguém o que é um unicórnio a resposta era simples:  trata-se de um animal mitológico, um cavalo, geralmente branco, com um único chifre em espiral. Hoje, quando se pergunta a um jovem o que é um unicórnio a resposta é imediata: é uma startup cujo valor atingiu mais de 1 bilhão de dólares. Mas o que é uma startup?  Startups são empresas inovadoras, geralmente de base tecnológica, cujo produto ou serviço pode adquirir escala e, de preferência, ser disruptivo, ou seja, oferecer ao mercado alguma coisa nova ou de forma completamente diferente do que vem sendo oferecido. São as startups que estão mudando o mundo e o  leitor todo dia se encontra com esses unicórnios modernos seja quando se desloca e usa o Uber, quando para ouvir música clica no  Spotfy ou quando utiliza serviços financeiros do tipo PagSeguro. No Brasil já existem sete unicórnios, empresas como o Ifood, a 99, a Nubank e outras que começaram pequenas e hoje valeM 1 bilhão de dólares.

Esse é o futuro e um relatório elaborado pela consultoria Mackinsey em parceria com o Brazil at Silicon Valley,  divulgado esta semana, mostra que o Brasil está pronto –  desde que resolva alguns gargalos de logística – para dar um salto tecnológico e tornar-se um dos players no mercado mundial de startups e consequentemente um criador de unicórnios.  Se a Bahia quer potencializar sua economia e se não quiser perder o trem da história, precisa urgentemente de políticas para fomentar  e atrair  startups e assim, quem sabe um dia, ser capaz de ter um unicórnio. A Bahia entrou tarde nessa competição e entre os 10 estados com maior número de startups, apenas Pernambuco representa a região Nordeste. Entre as 20 principais cidades em número de startups, Recife fica em 11º lugar e Salvador ocupa apenas o 18º lugar no ranking.  Mas o ecossistema de inovação em Salvador deu um salto nos últimos dois anos com a criação do  Hub Salvador,  um ambiente montado pela Prefeitura para a gestação de startups made in Bahia. Segundo André Fraga, Secretário Municipal de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência, em apenas dois anos o Hub Salvador, que fica no Terminal Marítimo no Comércio e tem capacidade para mais de 100 startups, já tem 70% do seu espaço ocupado. Um novo espaço no Parque da Cidade está sendo construído para abrigar projetos inovadores e startups e a prefeitura está bancando com recursos próprios editais para financiar esse projetos.

O governo do Estado também entrou na onda das startups e está lançando edital para, com recursos da Finep – Financiadora de Inovação e Pesquisa,  investir em startups de base tecnológica que estejam em fase final de desenvolvimento de produto ou precisem ganhar escala de produção. São inciativas louváveis, mas se a Bahia deseja recuperar o tempo perdido precisa fazer muito mais e nesse caso o fomento através de incentivos fiscais é indispensável. Cidades como Florianópolis  e Recife reduziram o ISS – Imposto sobre Serviços para assim atrair startups, enquanto cidades como Curitiba estão perdendo empresas que se transferem para os locais que aderiram à redução de impostos. Esse pode ser um poderoso atrativo, afinal Salvador é uma cidade aprazível que se oferecer condições competitivas vai atrair aqueles jovens inovadores e revolucionários que são a alma das startups.

O governo do Estado, por seu turno, precisa fazer o mesmo, além de tentar aproximar e integrar o Parque Tecnológico de Salvador ao ecossistema de inovação e  ampliar essa ação para o interior, bem como estimular os financiadores privados de startups, empresas como a Vale do Dendê ou Rede Mais e instituições como o Senai/Cimatec que vem investindo no setor. Além disso, as universidades baianas, especialmente a UFBA, que já atuam no setor precisam ampliar suas ações integrando-as com a política de fomento do governo e da Prefeitura de Salvador. O fato é que a Bahia precisa recuperar o tempo perdido e investir maciçamente em fomento às startups para assim tornar-se, quem sabe, um embrião de unicórnios.

                                            VAREJO COMEÇA A DESLANCHAR

Após um longo período em queda, as vendas no comércio baiano começam a deslanchar. No primeiro bimestre do ano, as vendas no varejo cresceram 2,5% e o mês de fevereiro foi destaque. As vendas cresceram 5,7%, em relação a fevereiro de 2018, o melhor desempenho no mês desde 2014. É verdade que este mês de fevereiro, que registrou o melhor desempenho desde 2012 para o comércio varejista, foi atípico, pois o carnaval caiu em março, aumentando o número de dias úteis, e houve a antecipação da Liquida Salvador, mas o fato é que ficou clara a disposição da população para o consumo.  As vendas de eletrodomésticos cresceram 15,2% em fevereiro, enquanto as vendas de automóveis e  material de construção cresceram 7,6% e 6,4%, respectivamente. O setor de  hipermercados e supermercados, que sofreu muito na recessão e tem o maior peso na média do varejo baiano, cresceu 3,3% em fevereiro, o sétimo resultado positivo consecutivo. A economia baiana está começando a deslanchar, de forma lenta, mas consistente.

                                                 A  BAHIA E O GÁS

Uma das maiores queixas dos empresários baianos é o preço do gás natural, e isso ocorre porque não há competição no setor. O gás produzido pela Petrobrás tem obrigatoriamente de ser comercializado na Bahia pela BahiaGás, empresa controlada pelo governo do Estado que tem o monopólio do setor. Muitas empresas na Bahia já fecharam, a exemplo da Usiba/Gerdau e outras porque não suportaram o preço do insumo e a  própria Fafen – Fábrica de Fertilizantes Hidrogenados da Bahia tem problemas de competitividade por causa do alto preço do gás. Pois bem, o ministro Paulo Guedes anunciou que pretende criar um programa financeiro de ajuda aos estados, mas que vai exigir como contrapartida, entre outras coisas, a abertura do mercado de gás e a quebra do monopólio. Segundo o Presidente da Associação Comercial da Bahia, Adary Oliveira, a abertura do mercado de gás será muito bom para a Bahia, pois vai aumentar a competição e gerar novos investimentos. “O monopólio deve ser quebrado, pois o preço do gás inviabiliza muitos negócios e reduz a competitividade das empresas baianas”, diz Oliveira.

                                                         PALÁCIO RIO BRANCO

Todo e qualquer prédio privado no centro histórico de Salvador pode ser transformado em hotel desde que siga as regras, já que a área é patrimônio mundial da humanidade. Foi assim com o Hotel Fasano e o Fera Palace Hotel que mantiveram as características dos prédios que ocupam. Agora, transformar um prédio público como o Palácio do Rio Branco, a antiga sede do governo da Bahia, que hospedou D. Pedro II e está cheio de relíquias históricas e reais é simplesmente um absurdo. Só se vê na Bahia. É algo como transformar o Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, num hotel. O Palácio do Catete abriga hoje o Museu da República, dedicado à história da república brasileira. E o Palácio Rio Branco deveria ter destino semelhante.

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