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ENTREVISTA COM RAFAEL VALVERDE, DIRETOR EXECUTIVO DA SOWITEC BRASIL FALANDO SOBRE ENERGIAS RENOVÁVEIS NA BAHIA

João Paulo - 05/08/2024 08:40 - Atualizado 05/08/2024

Bahia Econômica – Qual a sua avaliação sobre o potencial para energia renováveis na Bahia em 2024?

Rafael Valverde – A Bahia se destaca nacionalmente como o maior potencial de energia eólica e solar do país. Não à toa, o estado ocupa as primeiras posições nos rankings de locais com maior quantidade e capacidade de projeto dessas tecnologias. O nosso recurso eólico unidirecional, com uma alta qualidade de vento e baixa turbulência ou incidência de rajadas faz com que os nossos ventos constantes sejam ideais para a produção de eletricidade. Pelo lado solar, a radiação que recai, principalmente, sobre o nosso semiárido, permite que tenhamos também excelentes condições para o aproveitamento de empreendimentos fotovoltaicos.

Bahia Econômica – Quais as características mais atrativas para o setor no estado?

Rafael Valverde – Além do recurso, a Bahia é a maior economia da região nordeste. Naturalmente, isso se destaca, pois, há maior possibilidade de grandes consumidores comprarem energia diretamente pelo mercado livre. Importante também a proximidade que a Bahia tem com a região sudeste, principal região econômica do país pelo mesmo motivo. Por fim, o estado se consolidou ao longo do tempo pela existência de uma cadeia de fornecedores e condições logísticas que foram favoráveis durante um período, naturalmente, com a evolução dos equipamentos e mudanças no cenário macroeconômico. Isso precisa ser fortalecido para manter a Bahia na vanguarda setorial.

Bahia Econômica – Como o senhor avalia o trabalho do governo do estado de incentivo a projetos de energia renováveis?

Rafael Valverde – Historicamente, o governo foi protagonista e principal articulador para a expansão renovável, tendo papel ativo na atração de investimentos e interlocução com o governo federal acerca dos principais problemas que afetam o setor ao longo dos anos. Neste momento, o setor passa pelas suas maiores dificuldades e é fundamental que o governo mantenha uma agenda positiva com as empresas visando solucionar e endereçar pleitos que são fundamentais para a sobrevivência do segmento no estado. Assim, posso dizer que, neste caso, é importante que o governo se mantenha vigilante e atento ao cenário de competitividade que tem dificultado hoje a expansão renovável, bem como, atue na promoção do potencial, com a criação de estímulos econômicos que permitam o pleno desenvolvimento setorial.

Bahia Econômica – Na questão ambiental e jurídica, como o senhor avalia o trabalho do governo?

Rafael Valverde – Importante ressaltar o papel de destaque que o Inema sempre teve no licenciamento ambiental e a postura proativa e positiva do órgão em compreender as características da tecnologia e a razoabilidade na avaliação dos impactos ambientais associados. Os empreendedores respeitam a figura do órgão ambiental baiano e a qualidade técnica da sua interlocução. Por outro lado, sabemos que, como diversos outros órgãos, o Inema carece de recursos para um melhor desempenho de suas funções. Assim, é ideal que ocorra um melhor suporte estrutural ao órgão em equipamentos e pessoal, pontos que são sensíveis e já conhecidos pelo governo, que tem buscado soluções neste enfrentamento.

Bahia Econômica – Quais os maiores desafios que o senhor enfrentará no comando da diretoria da SOWITEC no Brasil?

Rafael Valverde – O maior desafio é, com certeza, conseguir viabilizar o desenvolvimento dos projetos num cenário de escassez de infraestrutura de conexão, que tem contribuído sensivelmente para a interrupção do ciclo virtuoso que a energia renovável teve no estado nos últimos 15 anos. Adicionalmente, é preciso fomentar a economia diretamente para uma retomada do crescimento no consumo de energia elétrica em volumes que permitam a sustentabilidade da cadeia. Hoje, os números são muito tímidos e insuficientes para mantermos uma expansão da geração centralizada, base para toda uma cadeia produtiva que se instalou no estado. Sem demanda por energia e sem capacidade de escoamento, não há novos empreendimentos e cadeia de valor que permaneça implantada no país.

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