Bahia Econômica – Como o senhor avalia os dados do Caged divulgados na última segunda-feira na área da construção civil?
Alexandre Landim – Avalio esses dados com bastante otimismo. O setor da construção civil gerou no Brasil o saldo de aproximadamente 28 mil novos postos no mês de maio, ou seja, o número de admissões com o abatimento do número de desligamentos. A preocupação é quando a gente estratifica para a nossa região, principalmente a Bahia, que foi o terceiro maior estado a gerar empregos no ano passado, dentre todos os estados, perdendo apenas para São Paulo e Rio de Janeiro. Prova pujança nossa e que tínhamos bastante canteiros de obras. Só que agora com os dados atuais do Caged, a Bahia teve um saldo negativo. Enquanto o Brasil dispôs de um saldo de quase 28 mil empregos, a Bahia ficou negativa em 710 empregos. Quando a gente ainda estratifica aqui a nossa cidade de Salvador, o saldo também é negativo com menos 911 empregos. Esse resultado está dando sinais de que nossas obras ou se encerraram, ou não teve renovação, ou os dois fatores juntos. É o sinal que precisamos renovar o nosso estoque de canteiros de obras ou ativar novos canteiros de obras.
Bahia Econômica – Quais fatores mais contribuíram para os resultados na Bahia?
Alexandre Landim – Esse resultado está diretamente ligado à conclusão das obras. São três os grandes vetores de construção dos nossos canteiros. São os canteiros de obras públicas, de habitação de interesse social e do mercado imobiliário. Os canteiros de obras públicas se encerraram a maioria deles, vemos aí o número de escolas públicas e outros equipamentos de interesse social que foram entregues. Já as obras imobiliárias estão na fase de entrega das obras vendidas na pandemia.
Bahia Econômica – Qual a expectativa econômica do setor para o segundo semestre?
Alexandre Landim – A expectativa é a melhor possível. Temos três fatores importantes. O primeiro deles é a tomada da habitação de interesse social com o programa Minha Casa Minha Vida. Este pode startar a curto prazo vários canteiros de obras pujantes e gerar uma quantidade de empregos muito interessante. Soma-se a isso a expectativa da queda da taxa de juros para o segundo semestre, o que vai estimular novos lançamentos imobiliários. Por fim, tem também a expectativa de lançamentos de programas de aceleração a níveis federal, estadual e municipal de novas obras de infraestrutura e outras que se seguem.
Bahia Econômica – Qual a expectativa do setor para geração de empregos no segundo semestre?
Alexandre Landim – Quanto a geração de empregos no segundo semestre acho que agora vamos passar por um período de estabilização passando por saldos negativos, mas com a tendência de crescimento do emprego, de novas admissões, exclusivamente lá no final do ano se confirmar as contratações do programa Minha Casa Minha Vida em específico.
Bahia Econômica – Quais pontos da reforma tributária devem interferir mais na construção civil?
Alexandre Landim – Ao meu ver a Reforma Tributária está no início, pois depende da regulação das leis complementares. Penso que é um processo ainda em desconstrução que vai depender muito das alíquotas que vão ser estabelecidas. Mas se o projeto cumprir a premissa de simplificação da cobrança e transparência, acho que vamos ter sim a oportunidade de ter uma reforma que vai interferir muito pouco no nosso setor e vai dar luz aos impostos e até uma cobrança do que a gente pode fazer. Então, todos nós da construção civil somos a favor da reforma.
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