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ENTREVISTA COM MAURO ADAN – PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE HOSPITAIS E SERVIÇOS DE SAÚDE DA BAHIA – AHSEB

Redação - 15/11/2021 07:00

PoR: João Paulo Almeida

Bahia Econômica – Nos últimos anos, vários grandes grupos de investimento em saúde compraram hospitais e clínicas na Bahia. A que se deve esse movimento?

Mauro Adan – O setor de saúde privado do Estado da Bahia tem sido escolhido por grandes grupos nacionais e internacionais para instalação dos seus negócios. Esse movimento começou, aproximadamente, dez anos atrás no segmento de diagnóstico, incluindo imagem, laboratórios, depois caminhou para as áreas de oncologia, oftalmologia, com muitas inserções nessas especialidades médicas. Recentemente, de três anos pra cá, o movimento chegou ao ramo dos hospitais. O mercado da Bahia de saúde suplementar está entre a terceira e quarta posição no Brasil, sendo ele desejado e pujante. Nós temos aqui grandes prestadores que oferecem seus serviços com muita qualidade e que contam com certificações nacionais e internacionais. Esse grupo de prestadores qualificado ao lado do número de usuários de planos de saúde leva outros grupos a terem interesse em investir aqui. A AHSEB fica lisonjeada com a escolha desse mercado para novos investimentos.

Bahia Econômica – A Bahia pode estar se tornando um polo mais atrativo para essas empresas? Qual cenário do estado chamou atenção desses grupos?

Mauro Adan – O que chamou atenção, entre outras coisas, é que a Bahia tem 15% da sua população dentro do mercado de saúde suplementar. Temos 2 milhões e 100 mil baianos utilizando o sistema privado de saúde. Os outros 85% são atendidos através do Sistema Único de Saúde (SUS). Isso demonstra que, num possível aquecimento da economia, o mercado de saúde da Bahia tem condição de absorver mais pessoas que estão no SUS para o sistema de saúde suplementar. É um cenário que aumenta a competitividade por esse mercado.

Bahia Econômica – Quais outros hospitais ou clinicas da Bahia podem estar no radar dessas empresas?

Mauro Adan – Existem muitas negociações em curso, negociações essas que estão protegidas por termos de confidencialidade, mas existem também os empresários locais que continuam investindo nas suas empresas. O mercado da Bahia tem vivido a chegada desses grandes grupos, alguns que já estavam aqui e que agora estão indo também para o ramo de hospitais, mas é importante dizer os empresários baianos estão atentos à competitividade, investindo, se reinventando e ampliando suas empresas, Sabemos que a pandemia trouxe balanços negativos para muitas instituições de saúde, mas podemos classificar como pujante o momento que o mercado baiano está vivendo, porque o diferencial e o know how desses grupos chegam para somar e tornar o mercado mais forte. O foco dos investimentos dos dois lados são os usuários do sistema de saúde suplementar, que serão cada dia mais bem atendidos. São eles que saem ganhando.

Bahia Econômica – A grande maioria dos investimentos feitos por essas empresas foi na capital. O senhor acredita que no interior pode haver investimentos também?

Mauro Adan – A interiorização do sistema de saúde, seja do de saúde suplementar ou seja do SUS, é uma realidade no nosso estado. Muitos investimentos têm sido feitos no interior pelos empresários locais e regionais e, recentemente, grupos nacionais também vêm fazendo aquisições e fusões no interior. É necessária a interiorização da saúde e, certamente, outros negócios acontecerão. É um movimento que vem acontecendo de forma acelerada e não será diferente nesse evento de aquisições e fusões, principalmente nos grandes polos econômicos, que também são os grandes polos de saúde. Como disse anteriormente, esses novos investimentos têm em vista atender melhor os usuários de plano de saúde e os clientes particulares também.

Bahia Econômica – Qual a expectativa de geração de empregos desses novos investimentos no estado?

Mauro Adan – O saldo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) de 2020 foi positivo a nível nacional e também a nível de Bahia em relação à geração de empregos no sistema de saúde. Para 2021, a expectativa é que seja ainda maior. O nosso segmento é um segmento de mão de obra intensiva, não trabalhamos com mobilização e desmobilização, os nossos quadros são fixos e estáveis, até porque é um setor que requer muita técnica, treinamento e adequação aos sistemas de qualidade e certificações. Dessa forma, não há como ficar trocando equipe. A taxa de turnover das nossas instituições é pequena, e a nossa participação na geração de emprego é alta. Recentemente, em 2019, participamos de um estudo feito pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais do Estado da Bahia, a SEI, ligada à Secretaria de Planejamento do Estado, que demonstrou que 6,8% do PIB da Bahia vem diretamente do sistema de saúde, unindo o público e o privado. É um número bastante expressivo, ainda mais quando se considera a cadeia produtiva, que soma mais 3,2%. Então nós estamos falando que 10% do PIB da Bahia vem do sistema de saúde privado e público. Esse é um dado importante na geração de economia, de renda e também na geração de emprego. O sistema de saúde é muito importante conceitualmente, é muito importante para a vida de todos, e também é muito importante para a economia do nosso estado.

Foto: divulgação

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