sexta, 22 de novembro de 2024
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ENTREVISTA COM ANDRÉ LUZBEL, SÓCIO DA SVN BP INVESTIMENTOS, FALANDO SOBRE A ALTA DO DÓLAR

João Paulo - 12/02/2023 05:00 - Atualizado 10/08/2024

Bahia Econômica – Como o senhor avalia a não atuação do Banco Central no momento de alta extrema do dólar?

André Luzbel – Primeiro, de fato o dólar está subindo ao longo desse ano, mas não é nada tão exagerado como parece. vale lembrar, eu acho que poucas pessoas falam sobre isso, que ano passado, o real foi a moeda que mais se valorizou do mundo, ou seja, o dólar caiu muito mais em relação ao real do que a qualquer outra moeda no mundo. Então assim, de fato a alta desse ano não é tão exagerada assim quando você pega a queda do ano passado, mas sim o dólar acabou subindo bastante de janeiro até hoje, mas eu acredito que a não intervenção do Banco Central é porque ele geralmente intervém num dia específico de muito estresse. Então, assim, ele vem fazendo as operações de swap. Mas não de uma forma exagerada a ponto de fazer com que o dólar caia de forma forçada. Respondendo mais diretamente à pergunta, eu acho que é assertiva porque ele deve intervir em dias de bastante estresse. E o que seria um dia de bastante estresse? Basta lembrar ali da pandemia em dias que o dólar subiu 15%, 10% Eu acho que aí sim, nesses dias de extremos, o Banco Central ele deveria intervir.

Bahia Econômica – O senhor acredita que se o banco central vendesse dólar no mercado futuro existiria uma proteção maior contra a alta da moeda?

André Luzbel – Eu acredito que sim. Toda vez que o Banco Central entrou no mercado futuro para segurar o dólar, ele apenas fomentou liquidez. Então, assim, ele deu liquidez naquele momento que o Banco Central atua, o dólar chega a cair, mas logo em seguida, após o fim da venda do dólar pelo Banco Central, o dólar volta a subir rapidamente. Então, o Banco Central não é um player para especular, ele tem que entrar em momentos para equilibrar o sistema. Então, se o dólar sobe 2% no dia, 3%, ele não necessariamente precisa entrar. Se ele entrar, provavelmente ele vai dar liquidez para quem quer de fato comprar o dólar, seja para fazer remessa, seja para quem quer especular. Então assim, em alguns momentos, sim a venda no mercado futuro pode estimular ainda mais os especuladores, em outros momentos mais extremos como o dólar subindo 10, 15 eu já acho que não.

Bahia Econômica – Como a alta da Moeda pode interferir na economia do Brasil

André Luzbel – Bom a alta do dólar ela impacta positivamente um lado da economia e prejudica o outro lado da economia. Quem sai ganhando com dólar alto principalmente são os exportadores. Então quanto mais caro estiver o dólar teoricamente mais eles vendem para fora. Por outro lado, alguns exportadores de produtos de matéria prima, eles importam principalmente máquinas de fora do país e isso faz com que o dólar mais alto aumente o seu custo. Então eu diria que de forma mais objetiva, o dólar mais alto ajuda muitos exportadores e prejudica muitos importadores, aqueles que precisam comprar coisas de fora para poder usar na sua indústria no seu serviço. E o outro impacto que acaba acontecendo diretamente é o aumento da inflação. Então. Um dos principais impactos de um dólar mais alto é uma inflação mais alta, e a inflação mais alta faz com que os juros subam, então o próprio sistema vai se retroalimentando e isso acaba sendo bastante perigoso.

Bahia Econômica – Quais ativos os investidores devem ficar de olho visando lucrar com a alta do dólar?

André Luzbel – Quem se beneficia dessa alta são principalmente os exportadores, então quando o dólar está muito alto, quem se beneficiaria são os exportadores, empresas como  Suzano, Vale do Rio Doce, todas essas empresas que de certa forma acabam vendendo na moeda americana e com isso conseguem rentabilizar cada vez mais o seu negócio. E tem muita empresa que tem muita coisa fora, então você pega uma WEG, é uma empresa que é brasileira mas que possui plantas espalhadas ao redor do mundo, principalmente na Europa, você pega a própria JBS, talvez ela seja hoje tão grande nos Estados Unidos em faturamento quanto no Brasil, então empresas que são diversificadas territorialmente falando acabam também se beneficiando e não necessariamente elas são exportadoras elas apenas possuem negócios nesses países dolarizados e eventualmente vendendo mais lá fora isso acaba impactando no resultado dela que tem a matriz aqui dentro no Brasil.

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