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AS CHANCHES DE RUI COSTA SER O CANDIDATO DO PT NAS ELEIÇÕES PARA PRESIDENTE

Redação - 18/11/2019 06:01

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu uma declaração cheia de significado na sua passagem por Salvador na semana passada. Na presença dos principais caciques do partido Lula disse:  “Eles não vão conseguir tirar o PT da disputa eleitoral, com Lula ou sem Lula. Eu posso subir a rampa do Palácio da Alvorada com o companheiro Fernando Haddad, com o companheiro Rui…” Ora, a eleição presidencial ainda está muito longe, mas a frase de Lula diz claramente que o PT vai polarizar a disputa e que neste momento existem três candidatos capazes de cumprir essa tarefa.

O primeiro e principal candidato é ele mesmo, mas o ex-presidente sabe que sua candidatura depende da Justiça e que são muitos os processos que ele terá de enfrentar nos próximos anos, por isso tratou de elencar outras hipóteses. A primeira hipótese é naturalmente Fernando Haddad que concorreu ao Palácio do Planalto na última eleição, perdendo para Bolsonaro em uma eleição meio plesbicitaria fortemente influenciada pela polarização PT versus anti-PT. Haddad tem pontos ao seu favor, afinal é um nome de São Paulo, estado que tradicionalmente impõe candidatos ao país,  e terá o recall das últimas eleições, além de ter ficado conhecido em todo o país, especialmente no Sul e Sudeste. Mas também tem pontos negativos, pois não representa a renovação, pelo contrário, é um quadro batido do PT, tendo participado dos governos Lula e Dilma, tendo sido Ministro da Educação e Prefeito de São Paulo, numa gestão em que foi muito mal avaliado. Assim, se Lula deseja apresentar um nome novo, dificilmente poderia apostar suas fichas em Fernando Haddad.

 O governador Rui Costa, também citado por Lula, apresenta pontos favoráveis e desfavoráveis  e vem projetando seu nome nacionalmente, principalmente após a entrevista na Revista Veja, onde se colocou como uma alternativa ao pleito de 2022. Os pontos que favorecem a candidatura do governador da Bahia são nítidos: é uma liderança nova e significaria a renovação no âmbito do PT, é reconhecido como bom gestor e, o mais importante e a razão maior do seu nome ter sido citado por Lula: aparece cada vez mais como uma liderança nordestina, exatamente a região onde o PT mantém seu maior reduto eleitoral. O fato de Rui Costa ter liderado a criação Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste, que reúne governadores de todos os Estados, foi provavelmente o principal ato de política nacional do governador da Bahia e quanto mais ele atuar no fortalecimento e na articulação das demandas desse consórcio, mais forte ficará como possível nome do PT para disputar a eleição presidencial.

Mas há também questões que desfavorecem a posição do governador da Bahia na disputa e a principal vem do fato de ser uma liderança regional, fora do centro do poder, e o PT ainda detém raízes profundas em São Paulo, onde foi criado e no Sul e Sudeste do país. A única hipótese de um candidato nordestino ser escolhido para representar o PT seria através do beneplácito de sua maior liderança, ou seja, Lula, que teria de fazer por ele, no Sul e Sudeste, o que fez por Haddad no Nordeste. E aí entra um outro aspecto: Rui é uma liderança que prega abertamente a renovação do PT e admite certa autocrítica, posição que os petistas jamais admitiram e que o próprio ex-presidente Lula se mostra resistente.

Vale lembrar que nada disso é definitivo e que muito coisa ainda vai rolar no xadrez que está se montando para as eleições de 2022. De definitivo mesmo, só a constatação de que o presidente Jair Bolsonaro é a maior liderança no espectro político da direita brasileira  e que pode crescer ou se desidratar, a depender do quadro econômico e de sua atuação política. De definitivo mesmo, só a constatação de que Lula  é neste momento o maior líder de oposição no Brasil e que pode crescer ou se desidratar a depender dos seus acertos e dos erros de Bolsonaro e, naturalmente, da Justiça que a qualquer momento pode coloca-lo de novo na cadeia. E o centro, poderia perguntar o leitor? Nesse momento, não há no Brasil lideranças de centro-direita ou de centro-esquerda capazes de se contrapor a Bolsonaro e Lula. É nesse cenário momentâneo que se move a política brasileira.

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