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JULIO SEGALA – ESPECIALISTA EM INVESTIMENTOS EM FRANQUIAS FORA DO BRASIL

Redação - 07/10/2019 07:00 - Atualizado 08/10/2019

Bahia Econômica – Quais os riscos de se investir fora do Brasil?

Julio Segala – Quando você sai de um país onde conhece as leis e domina o mercado, e vai para um local onde o mercado é desconhecido, que ainda não tem o total domínio das leis, que ainda não vivenciou o mercado, sempre tem o risco de não conseguir prever ou analisar todas as situações. A gente sempre faz muitos estudos para buscar minimizar os riscos, mas eles podem acontecer. Por isso é tão importante fazer estudos de mercado, tributário, laboral, de marca, tudo muito detalhado e preciso, antes de fazer o investimento fora do país. A ideia é reduzir ao máximo o risco do investidor. Mesmo sabendo que todo negócio tem um risco, e quando a gente sai para um ramo ainda desconhecido, o risco pode ser um pouco maior.

BE- Quais os maiores benefícios desse tipo de investimento?

JS- Como franqueador, o grande benefício é pelo fato de ser uma oportunidade de buscar um mercado novo, atingir/impactar um público que desconhece o seu negócio, além de ser uma estratégia de reposicionamento da marca, que no mercado atual, no Brasil, por exemplo, já está consolidado. O mercado novo abre portas e possibilidades que antes não poderiam ser executadas. Como franqueado que vai colocar a marca em determinado país, ele tem a grande vantagem de ser exclusivo, a pessoa que vai começar o trabalho com a marca em outro local. Em geral, quando uma empresa franqueadora decide entrar em um novo mercado, às vezes ela pode criar, dentro do modelo de negócio existente, em uma fase inicial, alguns benefícios que ela não daria no mercado de origem, pois a marca já está no estágio consolidado. O que serviria de alavanca para o início do negócio.

BE- Como o senhor classifica a questão tributária no Brasil nesse tipo de investimento?

JS- Na minha opinião, a questão tributária não tem muita diferença do que é aplicado no mundo. Se eu gerar uma receita no Brasil, eu tenho que pagar um tributo. Se eu gerar uma receita fora do Brasil e trouxer para cá, eu também vou pagar por isso. Aqui o pagamento do imposto é realmente imprescindível. O que pode acontecer é variar em relação ao imposto de consumo/venda que pode variar de acordo com o país. O meu lucro em outro país, mas com a mesma operação, pode ser maior porque eu tenho uma menor carga tributária. Mas quando eu ingressar com o dividendo no Brasil eu terei que pagar imposto sobre o rendimento, assim como eu pagaria se o rendimento fosse aqui dentro.

BE- Como o senhor analisa a questão da legislação no Brasil para essa questão?

JS- Na minha opinião, mesmo com minha área de atuação sendo voltada para o marketing, com relação a legislação, ainda não presenciei nenhum entrave relevante que fosse impedimento para dar andamento ao negócio em outro país.

BE- Como o senhor analisa a economia do Brasil para esse tipo de investimento?

JS- Sem dúvida que a economia do nosso país é instável. Não estamos no país mais estável do mundo, temos muitos altos e baixos por aqui, influências políticas em cima da economia, influências internas. Em outros países talvez a instabilidade não seja tão grande quanto aqui. Vejo que pessoas que estão preocupadas, ou até cansadas de tanta instabilidade econômica, deixam de investir aqui para tentar algo no exterior buscando uma maior estabilidade. Até para testar a taxa de sucesso e depois investir definitivamente. Muitos países oferecem visto por longo prazo quando a pessoa investe no local, isso também é interessante para quem está pensando em construir a vida fora do Brasil. Percebo que os países que mais recebem este tipo de investimento de empresários brasileiros são Portugal e Estados Unidos.

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