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GUILHERME BOULOS – PRÉ-CANDIDATO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA PELO PSOL

Redação - 11/06/2018 07:00 - Atualizado 11/06/2018

BE – O Governo do Presidente Michel Temer foi bastante criticado por manter a política de preços da Petrobrás mesmo com a greve dos caminhoneiros. Porém, o mercado internacional aprova que a estatal mantenha o preço de acordo com o dólar. O senhor como presidente como trataria essa questão?

GB – Nós precisamos mudar a política de preços da Petrobrás. A política iniciada pelo Pedro parente que foi e foi tarde em junho do ano passado é uma política desastrosa por que ela atrela o valor do combustível na bomba a variação do petróleo a níveis internacionais. Então qualquer acontecimento internacional que se reflita no preço do petróleo ou mesmo a valorização cambial do dólar, faz com que o brasileiro pague mais por combustível mesmo que isso não mexa com custo de produção. Essa política surgiu apenas para gerar mais lucros para acionistas da Petrobrás, na bolsa de Nova Iorque. Na minha opinião a política de preços deve ser construída de acordo com as condições de produção. Desde de a retirada do petróleo. O Brasil é autossuficiente na produção até a fase de chegar na bomba. O refino do petróleo tem que acontecer aqui dentro. A Petrobrás tem que ter um controle da cadeia produtiva como um todo. Então o que precisa ser feito é o fortalecimento das refinarias nacionais. O Brasil precisa parar de exportar petróleo cru e importar o petróleo e seus derivados, por que isso encarece muito.

BE- O senhor defende que a Petrobras seja completamente reestatizada. A petrolífera é hoje uma empresa de capital misto – parte pertence a acionistas privados e parte pertence ao governo, por meio da União e do BNDES. Como o senhor pretende trazer a Petrobrás de volta ao estado e qual seria sua política de gestão?

GB – A Petrobrás hoje é uma empresa com controle majoritariamente público. E Ela tem que voltar a ser uma empresa com controle inteiramente público. Pois quando uma empresa se preocupa em atender interesse de acionistas ela perde a sua responsabilidade social com o país. A Petrobras tem que ter responsabilidade social com o brasil. Para evitar problemas como a greve dos caminheiros, os abusivos aumentos do diesel. Nós chegamos a pagar R$ 5 reais no preço da gasolina. Aumento do botijão de gás que os brasileiros já estão sentindo a alguns anos. Então a Petrobrás precisa voltar a servir ao povo brasileiro e não enriquecer fundos internacionais.

BE- Seu programa de governo defende a implementação de mecanismos de democracia direta, como plebiscitos e referendos, pesados investimentos públicos em infraestrutura social e uma reforma tributária progressiva, com taxação concentrada na renda dos mais ricos e desoneração do consumo. Como seria essa reforma tributária progressiva?

GB – Hoje o estado brasileiro é um Robin Hood ao contrário. Ele tira dos mais pobres e da classe média. E dá para os super. ricos, pelos juros da dívida pública. Nós precisamos mudar a forma de se financiar o estado brasileiro. Os mais ricos, chamados do andar de cima tem que começar a pagar contas. Pobre e classe média já paga imposto até demais no Brasil. E a maior parte do imposto no país é sobre consumo. Tudo que agente consome agente para imposto indireto. Na minha gestão a cobrança de impostos mais forte vai acontecer sobre renda, patrimônio e operação financeira. Numa ideia de quem tem mais tem que pagar mais. E quem tem menos tem que pagar menos. E tem que ser assim que funciona. Isso significa que temos que voltar a tributação sobre lucros e dividendos. Que essa é uma forma de grandes empresas e dos mais ricos não pagarem imposto no país pois não tem a tributação. Temos que fazer o imposto sobre grandes fortunas. Temos que criar uma outra faixa do imposto de renda que é um absurdo um professor ou um médico pague a mesma alíquota de imposto de renda que o Neymar. Um engenheiro pague a mesma alíquota de alguém que ganha R$ 1 milhão de reais por mês. Essa tributação tem que acontecer no Brasil. Um exemplo disso é que quem tem um carro no Brasil paga IPVA e quem tem um helicóptero não paga nada.

BE- O real é uma moeda que vem perdendo força no cenário internacional. Principalmente frente ao dólar que é a moeda principal do mundo. Nos últimos anos a moeda norte américa tem tido picos de alta e baixa no País. O senhor como presidente como trataria essa questão?

GB – A questão cambial do país precisa ser tratada com regulação dos fluxos financeiros. Por que que existem essa instabilidade cambial. E essa é uma medida importante por conta da entrada de capitais especulativos, que não deixam nada do Brasil e que entram e saem sem qualquer controle. Especulam com câmbio, depois vão embora. O Brasil precisa ser menos vulnerável a esses movimentos especulativos. Isso significa regulação de capitais. Tem que ter uma reforma do sistema financeiro do país.

BE- As Universidades publicas do Brasil enfrentaram uma greve de seis meses no último ano do governo Dilma devido ao corte nos orçamentos. Quais seus projetos para a educação superior do país?

GB – As universidades Federais pelo Brasil necessitam de uma nova politica de administração. O governo Federal cortou orçamento de muitas universidades ocasionando a maior crise que a instituição já teve na sua história. na minha gestão vamos trazer a universidade mais investimentos em pesquisas, mais cursos, mais vagas, além de fazer com que os profissionais saiam com mais qualificação. O debate nas universidades ele é muito importante. Precisamos fazer com que as vozes culturais que a universidade produz tenham mais espaço e investimentos do governo. Nesses sentido vamos criar mais espaços para que a cultura universitária possa disseminar seu espaço.

BE- As últimas pesquisas de intenção de votos na Bahia colocou o pré-candidato Marcos Mendes com uma pequena pontuação na corrida ao governo do estado. Existe alguma estratégia para esse período pré-lançamento oficial de chapa para melhorar a imagem do partido nas eleições?

GB – Vamos manter o foco na área social. A campanha do Marcos Mendes ela terá uma forte aliança com as comunidades sociais da Bahia. Nós sabemos que as campanhas que tem mais recursos podem despontar na frente, porém o PSOL da Bahia vai seguir fazendo uma campanha limpa, com candidatos que não estão envolvidos em esquemas de corrupção. Não temos nenhuma nova estrategia traçada de acordo com os números das pesquisas, acreditamos é que na campanha a Bahia vai ter em Marcos uma esperança de mudança no estado. Vamos seguir fortes.

BE- O senhor esteve com o ex-presidente Lula no último discurso antes dele ser levado a Curitiba. Como o senhor avalia a possibilidade de Lula não ser candidato, e na sua opinião como fica o processo eleitoral sem Lula?

GB – A justiça foi ferida. Nós entendemos que todos tem direito a defesa porém no caso de Lula as provas não foram apresentadas e mesmo assim ele foi condenado. Acreditamos que a eleição mais justa seria com o Lula podendo se candidatar até que fosse provado que ele não culpado, ou até que ele fosse inocente. O PSOL está do lado das provas, das verdades do fato. Essa semana mesmo vou depor sobre a ocupação do triplex atribuído a Lula. Na minha opinião transformaram a invasão num ato criminal quando na verdade ele é um ato político. A política está em questão, e não a criminalização. Recebi a intimação por conta da ocupação feita no tríplex do Guarujá. É evidente que essa é uma tentativa de criminalizar os movimentos sociais e de intimidar minha pré-candidatura presidencial. Entendo isso como um gesto político da Policia Federal lamentavelmente.

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