Por: João Paulo Almeida
Bahia Econômica – O mercado imobiliário tinha uma expectativa boa para 2020, com alguns lançamentos já encaminhados. O senhor acha que o ano vai permanecer bom depois da pandemia do coronavírus?
Claudio Cunha – Assim como outros setores da economia, o mercado imobiliário foi surpreendido com a repercussão da pandemia, e também vem calculando as perdas. A ADEMI-BA reavalia o ano, e está tomando medidas que possam orientar melhor seus associados, na medida em que também ouve especialistas, e busca caminhos possíveis para superar a crise. Acreditamos que a construção civil será um dos principais atores na volta do crescimento da economia. Nesse período estamos em casa, local onde vivemos, família, lar e um dos principais desejos das pessoas. Passamos a dar mais valor e importância a nossa casa, onde estamos seguros.
BE – Como o senhor avalia a posição do mercado imobiliário depois desse período de pandemia?
CC- Será um mercado renovado. A quarentena está impondo as pessoas e as empresas a necessidade de se transformarem, de reavaliar o que é mais necessário, mudar as suas estruturas e atividades , ser mais solidários, usar ao máximo das ferramentas tecnológicas para seu bem estar social e laboral. Outros pontos que nos deixam confiantes são a redução das taxas de juros para o crédito imobiliário, inflação abaixo da meta e o aumento da liquidez.
BE – Existe a possibilidade de demissão ou não contratação de mão de obra depois desse período?
CC- Como todo setor afetado pela crise, o mercado imobiliário também convive com a possibilidade de desligamentos, mas, como expliquei, as mudanças vem sendo cobradas pelo momento. Então há sim a possibilidade de contratação, tanto de novos profissionais, como de novos serviços, pois foi imposta a necessidade de transformação.
BE – Como o senhor avalia as medidas fiscais adotada pelo governo federal para ajudar o empresário de todos os setores nessa quarentena?
CC- Para o mercado imobiliário, as ações da Caixa Econômica Federal têm sido fundamentais para a continuidade dos negócios. Foram apresentadas novas linhas de crédito com taxas de juros à partir de 2,55% mais IPCA, de 6,5% mais TR, de 8% com prestações fixas e mais recentemente uma série de ações para pessoa física e jurídica , como carência de 180 dias em novos contratos, pausa de 90 dias no pagamento das prestações, recepção de documentos em meio digital, atendimento remoto resultando em um investimento de R$ 43 bilhões nos próximos meses. É fundamental a criação de um fundo garantidor para os bancos aumentarem a concessão de crédito, o aumento da liquidez, e a redução das taxas de juros.
BE – Quanto tempo a construção civil vai levar para se recuperar da crise?
CC – Isso dependerá do andamento e do controle da mesma crise. O mercado imobiliário está dentro de uma cadeia maior. Ele não atua sozinho e depende da melhora de outros índices para uma plena recuperação. É necessário que haja confiança do consumidor para fazer investimento. É essencial que instituições financeiras flexibilizem taxas, prazos de pagamento, e acesso a linhas de crédito. No que tange ao mercado imobiliário, ele vem usando das medidas e ferramentas à sua disposição, para reduzir os impactos às empresas e retomar o crescimento o quanto antes.
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