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COLUNA NO JORNAL A TARDE – ARMANDO AVENA: BOLSONARO E O CRESCIMENTO DA ECONOMIA

Redação - 27/02/2020 07:00 - Atualizado 27/02/2020

O carnaval acabou e o governo precisa explicar por que a economia brasileira está travada. Os números mostram que em 2019, no primeiro ano do governo Bolsonaro, o país continuou registrando um crescimento pífio e nos indicadores de 2020 não se detecta a aceleração desse crescimento. Mas por que a economia não deslancha se a taxa de juros é a mais baixa da história, a inflação está sob controle, a reforma da Previdência foi aprovada e outras reformas estão sendo encaminhadas? A resposta é simples e direta: a culpa é do Presidente Jair Bolsonaro.

E quem diz isso não é este articulista, mas John Keynes, o maior de todos os economistas. Keynes mostrou que o investimento é a mola propulsora do crescimento e  depende de dois fatores: a taxa de juros e o grau de incerteza em relação ao futuro. No Brasil de hoje a taxa de juros está baixa, mas o grau de incerteza com relação ao futuro aumenta a cada dia, impulsionado pelas ações e declarações de um presidente que parece obcecado em criar crises diárias.

Bolsonaro criou um clima de anti-investimento no país, por conta do estado de tensão em que colocou os investidores nacionais e estrangeiros. O presidente desestimula o investimento externo ao destruir a imagem do Brasil, transformando-o num país inimigo do meio ambiente e brigando com vários países. Bolsonaro desestimula o investidor nacional ao gerar crises diárias com a imprensa, com governadores de vários estados, com o Congresso Nacional, com o Supremo Tribunal Federal e por aí vai.

Os empresários não trabalham bem com a incerteza, gostam de planejar no longo prazo, mas como ter confiança no futuro se o Presidente da República brada contra tudo e contra todos. Agora mesmo, no início de 2020, quando os agentes econômicos avaliam se vale a pena investir, o chefe do Poder Executivo resolve convocar manifestações contra os poderes Legislativos e Judiciário, avisando que está gestando uma crise para o futuro.

A teoria keynesiana  chamou de  “animal spirit” o desejo do empresário de investir, mas alertou que se as expectativas forem ruins ou incertas o “espírito animal” perde impulso e trava o investimento. E o pior é que  o consumo também se retraí, pois as pessoas adiam as compras temendo uma nova crise nacional. Bolsonaro é o rei da Incerteza e da desconfiança no futuro e é isso que explica porque a economia brasileira não cresce.

                                                     O CARNAVAL de 2020 FOI 10

O carnaval de 2020 foi 10 e merece aplauso. Merece aplauso a organização, o trabalho da Polícia Militar, o Fuzuê e o Furdunço e as ruas cada vez mais tomadas pelo folião pipoca. Mas muita coisa precisa ser repensada, a exemplo do carnaval na Avenida, que está definhando, da superlotação do circuito Barra/Ondina e da mega camarotização que empareda o folião e comercializa a festa pagando pouco, deixando que estado e prefeitura banquem o cachê dos artistas. Aliás, tem coisa mais kitsch do que camarote “vip” com suas disputadas áreas “vip”?  No mais, o carnaval foi 10 e merece aplauso os artistas, que com seu talento animaram o povo, e povo, que com sua alegria, fez o maior carnaval do mundo.

                                         O CORONAVÍRUS E A BAHIA

Agora que o carnaval passou, é fundamental que o governo do Estado e a Prefeitura de Salvador se engajem para impedir que o coronavírus atinja a Bahia. Milhares de pessoas de vindas de países afetados, como China, Itália e Espanha, vieram a nosso estado, muitos por causa do carnaval, entrando diretamente ou por outros estados. E é preciso monitorar qualquer sinal de que o vírus passou a circular. O impacto econômico do coronavírus já afetou o comercio exterior da Bahia, reduziu as exportações e as importações, e se o vírus chegar aqui vai afetar a mobilização e consequentemente o consumo de bens e serviços. Por enquanto não há o que temer na Bahia, mas seguro morreu de velho.

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