Bahia Econômica – O Governo do Estado entregou à Assembleia Legislativa da Bahia o projeto de lei que define o orçamento do estado para 2026 (LOA), último ano do primeiro mandato de Jerônimo Rodrigues. Quais as prioridades do Orçamento de 2026?
Cláudio Peixoto – O Orçamento de 2026 reafirma o compromisso do governo com a área social, que concentra 71,3% dos recursos totais, o equivalente a R$ 54 bilhões. As funções de Educação (16,4%), Saúde (17,3%), Previdência Social (17,3%) e Segurança Pública (10%) permanecem como pilares centrais, representando juntas mais de 60% da despesa fixada. Além disso, há reforço em áreas como urbanismo e saneamento, que somam quase R$ 5 bilhões em 2026, e a Segurança Pública receberá R$ 7,56 bilhões para fortalecer o combate ao crime organizado e a preservação de vidas.
BE– Qual a previsão de crescimento do PIB na Lei Orçamentária?
Cláudio Peixoto – A proposta orçamentária foi construída com base em parâmetros técnicos definidos pela Secretaria de Planejamento e pela SEI. Para 2026, projeta-se um crescimento de 3,1% do PIB baiano, acima da média nacional de 2,4%. Esse desempenho deverá ser impulsionado, sobretudo, pelo setor agropecuário, pelo dinamismo da indústria de transformação e pela força do setor de serviços.
BE – O Orçamento da Bahia para 2026 será da ordem de R$ 77 bilhões, e é um dos maiores do país entre os estados. Isso reflete a importância econômica da Bahia?
Cláudio Peixoto – Sem dúvida. A Bahia é a maior economia do Nordeste e uma das mais diversificadas do país. O orçamento de R$ 77,4 bilhões representa um crescimento de 9,1% em relação a 2025. Essa expansão é reflexo da capacidade do estado de ampliar arrecadação, atrair investimentos e manter o equilíbrio fiscal. A Bahia reafirma sua relevância nacional com esse orçamento, que expressa robustez econômica e responsabilidade no cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, assegurando estabilidade financeira e espaço para políticas públicas que impactam a vida dos 14 milhões de baianas e baianos.
BE – O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) anunciou investimentos para a Bahia, com projetos estruturantes como a ponte Salvador-Itaparica, a expansão do metrô e o sistema de Veículos Leves sobre Trilhos (VLT). O orçamento está articulado com essas prioridades?
Cláudio Peixoto – Sim. O PLOA 2026 está em plena sintonia com o PAC, já que estão programados recursos orçamentários para os principais empreendimentos de infraestrutura: Ponte Salvador-Itaparica, VLT e Tramo IV do Metrô. Estes investimentos em obras estruturantes vão transformar não só a mobilidade da Região Metropolitana de Salvador, como impulsionar o desenvolvimento econômico e social do estado. Além disso, os investimentos federais em infraestrutura, logística, transição energética e habitação complementam essa estratégia.
BE – – Muita gente não entende a importância da peça orçamentária, como o senhor caracterizaria essa importância?
Cláudio Peixoto – A Lei Orçamentária Anual é o instrumento que dá concretude ao planejamento. É nela que se materializam as diretrizes do PPA – Plano Plurianual Participativo 2024-2027, com metas e programas que impactam a vida da população. É uma peça de governança pública que assegura transparência, previsibilidade e responsabilidade fiscal na aplicação dos recursos.
BE – Como está a atualização do PDI Bahia 2050?
Cláudio Peixoto – O Plano de Desenvolvimento Integrado – PDI Bahia 2050 está em fase de consolidação. Iniciamos com o mapeamento de estudos, planos, políticas e programas que dialogam com o longo prazo, além da atualização dos diagnósticos nas diversas áreas de políticas públicas, o que contemplou a análise de uma série de indicadores que posicionam a Bahia na região Nordeste e no país. Em seguida, fizemos a prospecção de cenários e a escolha do cenário de referência (Avanço na Adversidade), realizamos seminários, oficinas e entrevistas com a participação de gestores públicos, especialistas, representantes da academia, da sociedade civil e dos outros poderes, além de uma consulta pública com mais de 50 mil participações, para a construção da visão de futuro. Além disso, já definimos os seguintes componentes do plano: cinco eixos (Competitividade Sistêmica, Sustentabilidade Socioambiental e Climática, Educação Cidadã e Transformadora, Diversidade e Equidade com Qualidade de Vida e Gestão e Inovação) e 21 objetivos estratégicos. Outra iniciativa importante foi a implantação do Núcleo Estratégico do PDI Bahia 2050, instância responsável por articular secretarias e parceiros institucionais, que será fundamental para a sua governança. O PDI amplia o horizonte de planejamento até 2050, em sintonia com a Estratégia Brasil 2050, estabelecendo objetivos, metas e indicadores de longo prazo para um desenvolvimento sustentável e inclusivo do estado.
BE – Como está o desempenho da economia baiana este ano de 2025?
Cláudio Peixoto – Até o primeiro semestre de 2025, a economia da Bahia apresentou crescimento de 2,1% do PIB em relação ao mesmo período do ano anterior. O setor agropecuário foi o destaque, com expansão de 8,7%, enquanto a indústria cresceu 0,5% e os serviços 0,7%. O mercado de trabalho também registrou melhora: a taxa de desocupação caiu para 9,1%, com aumento de 6,7% da população ocupada, alcançando 6,4 milhões de trabalhadores. Além disso, a Bahia liderou as exportações do Nordeste, com 46% de participação regional, movimentando US$ 6,3 bilhões entre janeiro e julho de 2025.