“Se existe determinação, podemos mover o céu e a terra de acordo com nossos desejos”
Yamamoto Tsunetomo (1659-1719), samurai e filósofo, autor de “Hagakure”
Neste ano de 2025, estamos celebrando os 130 anos de assinatura do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre Japão e Brasil.
Assinado em Paris, em 05 de novembro de 1895, o documento representa um marco histórico nas relações diplomáticas nipo-brasileiras, e, para nós, é inegável a influência que o Japão exerceu – e continua a exercer – sobre vários aspectos da economia e, sobretudo, da cultura brasileira.
O interesse japonês no suprimento de matéria prima e na utilização do excedente de mão de obra qualificada se harmonizou com o Brasil carente de recursos tecnológicos e necessitando de apoio externo para financiamento dos projetos de expansão.
Por sua vez, a forma acolhedora com que o Brasil recebeu os imigrantes parece ter sido um fator determinante para o sucesso de inúmeros empreendimentos que contaram com a participação direta dos japoneses, inicialmente no meio rural e, depois, com outras iniciativas voltadas para o desenvolvimento dos setores secundário e terciário da nossa sociedade.
Desde 18 de junho de 1908, com a atracação no Porto de Santos do “Kasato Maru”, primeiro navio japonês a chegar ao Brasil com 781 imigrantes a bordo, as relações de troca entre os dois países se mostraram intensas e as marcas deixadas pela presença da cultura oriental em nossa sociedade são muito nítidas, nos mais diferentes setores, como agricultura, culinária, artes plásticas, literatura, música, esportes, arquitetura, paisagismo, moda, design etc.
Na cidade de São Paulo, onde se encontra a maior colônia japonesa fora do país, a preservação de elementos culturais é tão forte que é possível encontrar expressões idiomáticas preservadas de modo original, ainda que hoje estejam esquecidas ou já tenham sido modificadas no Japão.
Que os sinais dessa sólida parceria se multipliquem sempre e que nós, brasileiros, possamos nos guiar pelo exemplo de luta e determinação desse povo que, tendo reagido à destruição sofrida na Segunda Guerra Mundial e aprendido a dominar inúmeras adversidades geográficas que assolam o seu território, transformou o Japão em uma grande potência, com uma população superior a 120 milhões de habitantes, cuja qualidade de vida atinge os mais elevados padrões do planeta.
Oxalá o título deste artigo – palavra símbolo de persistência, tenacidade e obstinação para os japoneses – possa inspirar nossa luta pela construção de um Brasil cada vez melhor, mais justo, mais fraterno e menos desigual.
Sérgio Faria, engenheiro e escritor, presidente da ALAS – Academia de Letras e Artes do Salvador