Bahia Econômica – A senhora poderia fazer um balanço do Programa de Incentivo ao Desenvolvimento Sustentável e Inovação (PIDI)?
Milla Paes – o PIDI é um programa que ainda está vigente, ele tem quase dez anos e é um programa que começou com um modelo de lançamento de editais específicos. Recentemente a gente mudou e fez um edital aberto, onde qualquer empresa pode se habilitar para qualquer tipo de projeto, desde que esteja contemplado pela lei do PIDI. Existe um projeto agora em análise na região da Península de Itapagipe. Dois bairros são contemplados pelo projeto atualmente Barra e Itapagipe. O projeto até o momento não teve uma adesão grande da iniciativa privada. Ele é um programa que tem como objetivo gerar emprego e renda e ele acabou não dando muito certo, pois, não teve grandes adesões. A gente está com um projeto agora em análise que é um investimento numa clínica lá na região da Península de Itapagipe, mas por enquanto só. Assim, dos últimos dois anos, acho que não teve além desse nenhum outro projeto em análise. A gente pretende rever o programa. Talvez ele tenha que ser ainda menos burocrático, talvez exigir menos comprovações de algumas coisas, a gente está refletindo sobre os erros e acertos para tentar trazer algo mais.
Bahia Econômica – Com o programa Invista Salvador? Salvador se tornou efetivamente uma cidade atrativa para o empresário montar ou ampliar seus negócios. Pode-se dizer que Salvador voltou a sediar indústrias e centros de distribuição e empresas de serviços? Que regiões da cidade responderam melhor aos incentivos? Houve mudanças nos parâmetros urbanos?
Milla Paes – Bom, o Programa Invista Salvador tem como objetivo três pilares principais. A simplificação de processos, a desburocratização, a promoção de Salvador como cidade de negócios, e a facilitação e o atendimento, o acolhimento aí de pessoas que investem na cidade. A gente tem trabalhado muito forte no pilar de desburocratização com a criação do Comitê Municipal de Desburocratização. Nesse aspecto, a gente avançou com várias medidas de simplificação e criação de atividades de baixo risco simplificando vários processos em parceria com a Sedur e a Sefaz. Então, a gente entende que o programa está no caminho certo. O pilar de atendimento do programa começou a funcionar. Estamos avaliando a possibilidade de criar um braço específico para região do centro da cidade.
Bahia Econômica –Pode-se dizer que Salvador voltou a sediar indústrias e centros de distribuição e empresas de serviços? Que regiões da cidade responderam melhor aos incentivos? Houve mudanças nos parâmetros urbanos?
Milla Paes – Um dos setores que a gente percebeu uma grande movimentação de empresas e negócios vindo para a cidade é o setor de logística. Então, esse é um setor de destaque nos últimos anos. Houve um lançamento do programa de benefícios tributários e não só tributários, mas vários benefícios para a implantação de centros logísticos na cidade de Salvador, em algumas regiões específicas. Já temos vários frutos aí desse trabalho, desse programa, temos o grupo Brennand que se instalou ali na região de Pirajá, temos um outro grupo grande que se instalou na região da Barros Reis, tivemos a Leroy Merlin. Então, as regiões incentivadas, Bairros Reis, Pirajá e Valéria foram aquelas que esponderam melhor. Por enquanto, Pirajá e Bairros reis talvez estejam se destacando mais. E houve algumas mudanças de parâmetros e de leis. Ela trouxe algumas simplificações e algumas melhorias, principalmente tributárias para essa região, mais do que parâmetros urbanísticos.
Bahia Econômica – Salvador continua sendo uma das cidades com maior taxa de desemprego do país. Em termos de geração de empregos e crescimento econômico, já há dados que demonstrem que a política de estímulo aos investimentos está funcionando?
Mila Paes – A gente sabe que o nosso maior desafio é a geração de emprego e renda. A gente sabe que Salvador passou muito tempo ocupando essa última posição entre as capitais. O último resultado do PNAD já mostrou uma evolução no resultado mensal. Quando você olha o acumulado, a gente ainda ocupa essa posição. A gente vem tendo resultados sólidos de geração de emprego no indicador do CAGED, que é o indicador mais efetivo para a gente enxergar essa redução no longo prazo. Porque o CAGED mostra de fato o crescimento dos empregos de carteira assinada. A gente foi recorde do CAGED em 2024. O indicador que traz a taxa de desemprego, ele é um indicador bastante complexo, que leva em consideração vários indicadores, depende de toda uma conjuntura, inclusive estadual, a gente vem se destacando muito em relação à Bahia, mas a Bahia ainda tem uma questão crônica de geração de emprego, de falta de políticas de atração de empresas e de geração de emprego, mas estamos trabalhando para mlehorar a questão do emprego em Salvador.
Bahia Econômica – A prefeitura lançou o Renova Centro. Qual o balanço que se pode fazer desse programa?
Mila Paes – Esse é um programa que foi recém lançado, ele tem demonstrado ser um bom programa, a gente tem conversado muito com o empresariado, a gente está sentindo que ele vai ser um programa bem sucedido, no último balanço que a gente fez, eles tinham sete empreendimentos, em análise na Fazenda, o que significa que é um programa que tem sido bem aceito pela iniciativa privada, pelo setor imobiliário de uma maneira geral, a gente tem conversado muito com esses empresários e o que eles têm dito é que os benefícios do programa, de fato, trazem um ganho efetivo para viabilizar o que eles propõem a fazer, que é a ocupação do Centro Histórico. Com equipamentos que gerem, principalmente, habitação, mas que também gerem dinâmica econômica. Então, o balanço inicial aqui do Renova Centro, é muito positivo. Agora estamos buscando trabalhar parâmetros urbanísticos que facilitem ainda mais esses retrofits que precisam acontecer, e a gente tem colhido alguns feedbacks inspirados em alguns locais onde esse tema tem sido bem sucedido, como é o caso lá do Centro de São Paulo, para que a gente possa avaliar quais são os parâmetros urbanísticos de Salvador, do Código de Obras e tal, que poderiam ser revistos junto com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, para que a gente consiga um resultado ainda melhor desse programa, viabilizando mais empreendimentos, mais requalificações de imóveis históricos no centro da cidade.
Bahia Econômica –Em relação à capacitação de mão-de-obra, como a SEMDEC vem trabalhando?
Mila Paes – Em relação a capacitação de mão de obra, a gente tem um programa que foi lançado no início da gestão do prefeito Bruno Reis, chamado Treinar para Empregar, que já treinou mais de 70 mil pessoas na cidade de Salvador. É um programa que ele trabalha focado na auto empregabilidade, então a gente qualifica em trilhas de capacitação de setores que têm uma auto empregabilidade na cidade de Salvador. O programa é dividido em trilhas de qualificação. Ele tem qualificação tanto empreendedora, como de carteira assinada. A gente tem vários setores que a gente qualifica, tem qualificação para 50+, tem qualificação focada em mulheres, que é o programa Mulher Salvador, tem qualificação para jovens, que é o Geração SSA, então a gente tem de fato um conjunto amplo e vem alcançando cada vez mais um número maior de pessoas trabalhando sempre com foco em carreiras do futuro, carreiras que hoje têm uma auto empregabilidade. Qualificação, não só em temas técnicos, mas também em soft skills do futuro, a gente treinar as pessoas pras habilidades que são exigidas pelo mercado de trabalho, e não apenas pelas competências técnicas da função.
Bahia Econômica –Que benefícios a secretária viabilizou para estimular áreas como o setor náutico, bares e restaurantes, inovação tecnológica, entretenimento e outras?
Mila Paes – Durante os últimos 4 anos estamos trabalhando com um programa estruturado de fortalecimento desse setor na cidade de Salvador. Então, desde apoio a eventos, atração de eventos internacionais para a cidade, como foi o caso da primeira Feira Internacional Náutica de Salvador com o Grão-Pavoá em 2023. Em 2024, o Bolt Show, pela primeira vez no Nordeste, aconteceu aqui em Salvador. O Barco Show é outro exemplo, além de várias regatas da região e outros eventos importantes náuticos, seminários náuticos, etc. Além de ter revisado todo o plano de incentivos e programas de projetos náuticos para a cidade de Salvador, que inclui uma futura implantação de uma marina pública municipal, de atração da indústria náutica.
Bahia Econômica –Em relação às Parcerias Público Privadas, a prefeitura tem tido algum sucesso?
Mila Paes – Bom, em relação aos PPPs, a gente tem diversos avanços. O trabalho foi focado primeiro em estruturar o município de forma que ele possa estar pronto para a implantação de projetos de PPPs. Então, nessa primeira gestão, a gente criou uma empresa pública, que é a Salvador Par, que é dedicada à estruturação de projetos de PPPs. Ela trabalha como uma assessoria da prefeitura para estruturar todos os projetos de PPPs e concessões. A gente também aprovou a lei do PICS – Plano Integrado de Concessões e Parcerias de Salvador , o programa de concessões do município, onde a gente já pré-aprovou vários serviços passíveis de concessão, que podem ser alvo de interesse e de viabilização dr PPPs por parte da prefeitura. Muitos desses serviços já estão sendo estudados, e agora, nesse próximo mandato, a ideia é a gente implementar, começar a licitar dessas PPPs. A gente licitou recentemente através da SEMOP a concessão do trecho de Orla de Patamares, daquele trecho de orla novo, recém qualificado pelo município, a gente tem vários outros projetos voltados para o setor de audiovisual, concessões de equipamentos importantes como um novo centro de convenções aqui no centro histórico, projetos de ocupação de imóveis históricos com equipamentos como hotéis, por exemplo. Projetos de diversas outras áreas, inclusive uma grande PPP de saneamento tem sido estudada pela Secretaria de Infraestrutura com o apoio da Salvador Par.