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ADARY OLIVEIRA – O RETORNO DA REFINARIA DE MATARIPE PARA A PETROBRAS

Redação - 29/07/2024 05:00

Segundo informações publicadas no site InvestNews a Acelen passou a sofrer pressão por parte da Petrobras para que a refinaria de Mataripe retornasse à estatal desde a mudança do governo. As pressões passavam pela venda de petróleo mais caro e com composição química inadequada, situações que afetam o resultado do negócio. Na verdade, os entendimentos entre a Petrobras e a Acelen tiveram início quando o ex-presidente da Petrobras Jean Paul Prates retornou da Arábia Saudita em setembro de 2023. O anúncio trazia a informação que a devolução da refinaria ocorreria ainda no primeiro semestre de 2024, o que não ocorreu.

O assunto tem despertado a atenção de todos pela importância que tem Mataripe para a economia da Bahia, sendo a segunda maior refinaria do Brasil, responsável por 14% da capacidade de refino brasileira e o maior contribuinte individual de ICMS do Estado. A volta da refinaria para a Petrobras pode ser feita via compra dos ativos fixos ou compra de participação no capital. Neste último caso a estatal deverá ter mais de 50% do capital votante, tornando-se controladora da empresa resultante da negociação. Poderá também ser a operadora da refinaria. Na exploração e produção de petróleo a Petrobras tem se tornado operadora com apenas 30% de participação nos consórcios. A permanência do grupo investidor como sócio da empresa dona da refinaria é um bom negócio por se tornar sócio do governo, com todas as benesses daí decorrentes.

Desde que assumiu o controle dessa refinaria a Acelen tem demonstrado vontade de por aqui ficar. Além do seu bom relacionamento com a comunidade, atendendo a pleitos de governos municipais, instituições locais de pesquisa, sendo patrocinador dos dois principais times de futebol da Bahia e investido em novos projetos. Na recuperação da refinaria, voltando a nível de produção próximo à sua capacidade nominal, investiu R$ 2 bilhões e, segundo técnicos que trabalham na operação da unidade, terá de continuar investindo mais. Mereceu aplausos de todos o anúncio e início de realização de seu Projeto Macaúba no qual pretende investir R$ 12 bilhões para a produção de óleo vegetal. A área de 200 mil hectares, entre Camaçari na Bahia e Montes Claros em Minas Gerais usada para plantio, demandará outra unidade industrial para a produção de diesel verde que se localizará nas proximidades da refinaria. Acrescente-se o projeto de geração de energia solar para suprimento da refinaria, localizada na região de Irecê, do qual vai participar acionariamente investindo nele cerca de R$ 500 milhões. Por tudo que o Mubadala, grupo da Arábia Saudita controlador da Acelen já realizou e está realizando na Bahia deseja-se que ele continue por aqui, recuperando fábricas, usando produtos naturais como matéria prima, substituindo energia elétrica gerada por combustíveis fósseis por energia solar, desenvolvendo novas tecnologias e valorizando a mão de obra local.

Quando Magda Chambriard era Diretora Geral da ANP proferiu palestra na Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) quando afirmou que o Governo deveria dar mais atenção à Bahia, onde tudo começou, referindo-se aos negócios de petróleo. Há uma expectativa muito favorável ao trabalho da nova presidente não só se unido à Acelen na recuperação das instalações da refinaria de Mataripe, mas também no fortalecimento do Polo Petroquímico e ampliação dos investimentos em extração e pesquisa de petróleo, em terra e no mar. Espera-se também que ela promova a volta da operação das duas fábricas de fertilizantes nitrogenados de Camaçari, BA, e Laranjeiras, SE, bastando simplesmente que se ajuste o preço da matéria prima, gás natural, ao preço praticado no mercado internacional. A sua fala inicial de que vai voltar a operar a Fafen de Araucária (PR) e dar continuidade à construção da Fafen de Três Lagoas (MT) trouxe redobradas esperanças para a região e em todos esses casos o preço do gás é determinante na viabilização desses projetos.

A Petrobras tem outros problemas que poderia resolver com muita competência na região Nordeste. Além dos desafios da indústria química e petroquímica, que precisam de apoio para continuar existindo, o setor de refino em mãos privadas tem aqui na Bahia uma mini refinaria operando e duas outras de porte médio sendo construídas em Simões Filho e Ilhéus. A refinaria de Mataripe começou a operar em São Francisco do Conde em 1950, três anos antes da Petrobras ser fundada. Voltando a ser controlada pela Petrobras, ou não, ela continuará aqui. O compromisso maior que deve ter o grupo controlador é seguir investindo na atualização e manutenção da usina e diversificar suas aplicações financeiras a exemplo do projeto da Carnaúba e da geração da energia solar. São investimentos de alta rentabilidade e de imenso valor social.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]

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