terça, 20 de maio de 2025
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AUGUSTO CRUZ – SUSTENTABILIDADE E ESG ALÉM DAS FRASES DE EFEITO

João Paulo - 04/08/2023 11:48 - Atualizado 11/08/2023

A sustentabilidade, e em especial o ESG, tornou-se centro da discussão nos ambientes corporativos e acadêmicos, mas dessa vez de uma forma ainda mais robusta e abrangente. São dezenas de eventos em todos o país rico em falas de efeito sobre sustentabilidade e dos males que o ser humano causou e causa ao planeta.

Sem dúvida é muito bom assistir ao crescimento das discussões sobre sustentabilidade e seus subtemas, no entanto, como esperado, todo movimento corporativo que entra na moda traz consigo o risco da superficialidade e de distorções conceituais.

Quem acha que as ações de sustentabilidade ou da agenda ESG se resumem a trocar copos descartáveis por canecas de louça, por exemplo, corre um sério risco de receber a pecha de greenwashing.

Greenwashing, ou lavagem verde, consiste na realização de ações relacionadas à sustentabilidade de forma superficial ou sem impacto relevante. O risco de imagem, nesse caso, é alto e pode transformar uma boa ação em uma crise institucional.

Há ainda uma corrida para implantação de agendas ESG em todo e qualquer evento, ambiente ou empresa. Importante sempre ressaltar que o ESG é um conceito que advém do mercado financeiro, aliás, temos investimentos e fundos ESG. Reforça-se ainda que enquanto a agenda de sustentabilidade visa múltiplos stakeholders, a agenda ESG visa aos investidores.

Claro que se empresas de todo e qualquer porte resolverem criar “ações ESG” com o propósito de termos um mundo melhor, ótimo! No entanto, ações superficiais tendem a desaparecer tão rapidamente o modismo.

Mas felizmente as agendas de sustentabilidade e ESG vieram para ficar. O cenário global e nacional traz mais e mais regulações para mitigar ou reduzir os impactos das empresas no meio ambiente e, com isso, tentar reduzir as consequências das mudanças climáticas. Os recentes Decretos do Presidente da República publicados no dia 5 de junho, são uma amostra e uma preparação para o que está por vir.

Quanto à pauta social temos hoje um Congresso Nacional muito conservador e apesar dos esforços do Poder Executivo, tem emperrado as discussões sobre diversidade e inclusão, trabalhismo e outros temas de relevância social. Por outro lado, a pressão de movimentos sociais e de consumidores, sem dúvida será o grande alavancador para que as empresas ajam independentemente de lei que as obrigue a adotar normas internas mais protetivas e inclusivas.

Quanto aos encontros sobre sustentabilidade e ESG, as discussões amadurecerão e frases de efeito darão lugar a ações de impacto, análise de lições aprendidas, ações de advocacy, metodologias de reports e indicadores, experiências em finanças sustentáveis, dentre outros temas relevantes.

Augusto Cruz, advogado e escritor, sócio da AC Consultoria. LinkedIn @Augusto Cruz.

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