Merece aplausos de todos a realização da flipelô2021 pela Fundação Casa de Jorge Amado mantendo viva a concretização erudita de maior prestígio da Bahia, conservando brilhante o Pelourinho como um dos maiores centros culturais da primeira capital do Brasil. Os mais de 60 expositores e dezenas de patronos, dos governos e da iniciativa privada, somaram seus esforços na realização da manifestação de cultura que teve seu ápice entre os dias 17 e 21 de novembro, contando com a participação de baianos, soteropolitanos e turistas de todos os cantos, que dão vida durante todo o ano ao exuberante centro histórico das Américas.
Homenageando o escritor alagoano Graciliano Ramos, foi possível presenciara execução de todaa programação com mais de meia centena de eventos liderados por associações, cooperativas, igrejas, museus, casas culturais, mercados populares, atelieres, galerias, institutos, clubes, hotéis, restaurantes, barzinhos, academias que proporcionaram momentos inesquecíveis de mostras, fuzarcas, concertos, exposições, peças teatrais, shows musicais, recitais, oficinas, aulas, lançamentos, lives, desfiles, peças, mediações, visitações, mesas, saraus, cirandas, visitações, conversas, espetáculos, cantorias, projeções e tudo com direito ao saboreio dos acarajés, abarás, quindins, bolinhos de estudantes, cocadas, vatapá, caruru, cravinho e ao som dos atabaques, batida sonora do Olodum, samba de roda, maculelê, capoeira e tudo o mais que compõe a baianidade e encanta as pessoas de todos os recantos.
No sábado tive a honra de participar do debate “Com a palavra o escritor” juntamente com o engenheiro civil e escritor Sérgio Faria, evento mediado pela competente jornalista Doris Pinheiro, regente da assessoria de imprensa da Flipelô, tendo como palco o auditório do Museu Eugênio Teixeira Leal. Tive, então, a oportunidade de comentar artigos de minha autoria publicados no Jornal Tribuna da Bahia e no Portal Bahia Econômica, de 2017 a 2019, quando era presidente da Associação Comercial da Bahia, retratando através da escrita acontecimentos importantes do mundo empresarial baiano, reunidos no livro Lições e Reflexões. O episódio intitulado “Empresário escritor ou escritor empresário?” me fez sentir escritor pela primeira vez, tal a feição dos rostos atentos e curiosos demonstrados pela jovem plateia que lotou o auditório.
O Pelourinho por si só já atrai muitas pessoas para lá. A inserção de shows musicais em seus diferentes teatros, em ambiente fechados e à céu aberto, foi um bom motivo para seduzir mais gente. A visitação aos museus, casas literárias e associações populares que sediam blocos de carnaval, o presenciar às manifestações religiosas, o escutar da elegante musicalidade, o saboreio dos quitutes afro-baianos e o aprecio das lindas vestes de alegres baianas, tendo como cenário um imponente casario colonial, faz ressaltar múltiplos valores culturais difundindo para todos diferentes aspectos da nossa rica tradição. Sou frequentador do Pelourinho desde o tempo em que era estudante e participava das aulas de capoeira do saudoso Mestre Bimba, ensinando com galhardia sua Capoeira Regional, sem tirar o valor da Capoeira de Angola, do Mestre Pastinha.
As quase duas dezenas de instituições que patrocinaram a flipelô 2021 devem ter ficado satisfeitas com a repercussão obtida nos órgãos de imprensa e nas redes sociais, tendo sido a primeira Flipelô a ter tido transmissão ao vivo pela Internet. Faço votos de que o grande sucesso se converta em ampliação do número de patrocinadores na flipelô de 2022 e na ocupação de maior espaço urbano, incluindo a parte recuperada da Cidade Baixa, agora com o funcionamento pleno do Plano Inclinado Gonçalves, do Plano Inclinado do Pilar e da Balança do Taboão.Tudo isso vai fazendo eternizar a Bahia de todos os santos e de todos os pecados que os brasileiros de outras cidades elegeram como sua segunda terra natal.
Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]