A cotação do dólar disparou. Em janeiro de 2019, o dólar valia R$ 3,27 e agora, em janeiro de 2020, a moeda americana vale 4,25 reais, o mais alto valor nominal da história. No ano passado, todos os preços da economia cresceram cerca de 3,5%, mas o preço do dólar cresceu mais de 10% e o valor real da moeda americana disparou. O preço do dólar obedece a lei da oferta de procura e daí se deduz que está saindo mais dólar do Brasil do que está entrando. Os números estão mostrando exatamente isso: o país registrou déficit nas contas externas em 2019 e houve retração das exportações e das importações. Por que isto está acontecendo? Em termos conjunturais, a redução na entrada de dólares tem a ver com a guerra comercial entre China e Estados Unidos, a crise na Argentina, a tensão por conta do Irã e agora o coronavírus.
Esse tipo de incerteza ao mesmo tempo que aumentou a demanda pelo dólar, impactou a balança comercial do país. Mas há também um componente estrutural: a queda na taxa de juros. Quando os juros estavam nas alturas, o capital especulativo, o chamado Hot Money, vinha para o Brasil aos borbotões, mas agora, quando o mercado só oferece juros reais de 1% ou menos, essa fonte secou. Neste novo cenário, o capital estrangeiro só virá para o Brasil para investir no mercado produtivo, seja montando uma fábrica, participando de concessões e privatizações ou investindo em ações e isso só acontecerá se o governo criar um ambiente favorável, viabilizar infraestrutura e mostrar que somos um país ambientalmente seguro, afinal as grandes empresas internacionais só investem em países que preservam o meio-ambiente. A era Paulo Guedes tem como uma das características o dólar excessivamente alto e isso pode continuar assim, porque, por enquanto, o impacto na inflação tem sido pouco expressivo.
Disto isso, prepare-se o leitor e a classe média, ávida por viagens internacionais, pois o tempo de dólar a preço de banana acabou. É verdade que a resolução dos problemas conjunturais, e própria alta do dólar – que faz com que nossos produtos fiquem mais baratos lá fora, e as importações (incluindo o vinho nosso de cada dia) mais caras – podem aumentar a entrada da moeda americana e fazer a cotação cair, mas essa queda será relativa e dificilmente chegará ao patamar anterior. Isso só acontecerá, quando o Brasil passar confiança ao mundo, fazer mais reformas e voltar a crescer a pelo menos 2% ao ano.
BOLSONARO E OS COMBUSTÍVEIS
A sugestão do presidente Bolsonaro para que os governadores reduzam o ICMS dos combustíveis é simplesmente irresponsável. Na Bahia, por exemplo, esse imposto representa mais de 20% do total arrecadado e sua supressão inviabilizaria a administração estadual. Aliás, os setores de combustíveis, comunicação e energia representam mais de 50% da arrecadação do ICMS na maioria dos estados do Nordeste, cujas economias são pouco diversificadas. Se o governo federal quer efetivamente reduzir o preços dos combustíveis, é muito mais razoável a supressão dos impostos federais, como propuseram os governadores, já que no cômputo geral das receitas da União o impacto seria pequeno.
BAHIA: UM PLAYER EM ENERGIA RENOVÁVEL
A Bahia já está produzindo 32%, da energia eólica do país e 34% da energia solar e lidera o ranking nacional. A energia gerada pelos ventos cresceu 50% em 2019, em relação a 2020 e a produção de energia solar cresceu 70%. Os parques que estão em operação no estado já investiram mais de R$ 20 bilhões e criaram mais de 32,2 mil empregos. E o mais importante é que essas empresas estão implantadas no semiárido baiano gerando atividade econômica numa área extremamente pobre. A Bahia já tem 165 parques eólicos em operação, com capacidade instalada de 4GW e quase 1500 moinhos de vento. É uma vantagem competitiva do nosso estado e abre perspectivas de ampliar o parque industrial ligado ao setor.