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SAMUELITA SANTANA – VISUALIDADES: O CHAMADO. PROCURA-SE UM LÍDER

Redação - 15/10/2019 14:12 - Atualizado 15/10/2019
Alguém em santa e boa consciência observando o cenário político que hoje nos assombra por todos os lados – direita, esquerda, extremos, centro e centrões – poderia vislumbrar em qualquer um desses pontos (cegos) uma liderança com aquela qualidade inspiradora e com a capacidade carismática de agregar, guiar e conduzir com eficiência e ética um amplo projeto de governo, com planejamento e visão de futuro para o Brasil? A resposta é categórica e é NÃO!
O que se vislumbra hoje é o que perdura há um bom tempo: um angustiante vácuo. E a história nos aponta que vácuos na política são perigosos e quase sempre resultam em ocupações desastrosas, a exemplo do que ocorreu após o suicídio de Getúlio Vargas quando o enorme vazio político deixado por ele – apesar de retardar em 10 anos a conspiração que já estava em curso – , favoreceu e culminou com o trágico golpe militar de 1964. Hoje, o exemplo clássico da absoluta ausência de lideres de excelência no país é flagrante e não precisa de lupas históricas para se constatar. Tudo escancarado e perplexamente visível.
Olhar para o palco do teatro da política nacional é desalentador. É um espetáculo que não dá para aplaudir. Fora ou dentro do Congresso Nacional o que se aufere facilmente são projetos de interesse meramente pessoais, sempre voltados para a permanência no poder a qualquer custo. As estratégias políticas, supostos diálogos e articulações de consensos servem muito mais à garantia das pautas internas do próprio Congresso, seus grupos políticos e lobistas, do que seguramente aos objetivos de governo e coletividade.
Ah, podemos sim separar o joio do trigo. É claro que existem exceções e não se descartam as raras e boas figuras políticas que povoam a cena de forma ética, vocalizando propostas relevantes e trabalhando, de fato, por ideias comuns. E, naturalmente, pregando no deserto. E, naturalmente, atropelados pelo rolo compressor até que se reforme corajosamente o modelo político brasileiro que há muito se esgotou e segue, assim, totalmente vulnerável, fragmentado, caro, sem eficiência programática, desacreditado pelos episódios de corrupção, rendição aos lobbies e distanciamento da sociedade.
Os que insistem na manutenção do atual sistema – político, eleitoral, partidário – e relutam em revisar e corrigir suas práticas, se agarram mesmo é na tábua de salvação da própria pele, sem perceber que a perda de legitimidade se aprofunda a cada dia, colocando em risco a estabilidade do próprio sistema, da governabilidade, do bom funcionamento das instituições e da capacidade de se projetar um futuro moderno, mais transparente, mais igualitário e mais democrático para o país.
Um sopro de ar fresco
Não é à toa que o vácuo de lideranças de qualidade que se observa hoje no Brasil tem tudo a ver com a própria estrutura partidária, que não favorece o aparecimento de novos quadros e muito menos investe como deveria na formação de líderes. Os velhos caciques dominam as cúpulas, as decisões e dificilmente abrem mão de prerrogativas e do poder para dar passagem ao novo. Embora o índice de renovação no Congresso Nacional nas eleições de 2018 tenha sido um dos dos maiores da história – 85% Senado e 47,37% na Câmara – o que se viu foi “mais do mesmo”.
Um bom número de senadores e deputados eleitos já haviam passado por lá em legislaturas anteriores. Mas nesse painel de troca de cadeiras ocorreu uma virada promissora: os movimentos jovens apartidários, que surgem do cansaço das velhas práticas tradicionais, da indignação contra a corrupção e que explodem nas primeiras manifestações de 2013, conseguiram gerar em 2018 candidaturas bem sucedidas, colocando no centro do poder jovens audaciosos, dispostos a inaugurarem uma nova forma de fazer política, com mais ética, mais integridade, menos fisiologismo e menos negociatas. São frutos de iniciativas nascidas na sociedade civil com foco na formação de líderes sem o ranço da divisão ideológica e da intolerância do “nós, eles”.
A maioria desses movimentos agregam jovens de diversas matizes e não desejam se constituir como partidos, mas mudá-los forçando a porta para o novo, promovendo e incentivando boas práticas através desses novos líderes qualificados. É o que eles consideram de “chamado para a nova democracia”. A mídia internacional, inclusive, já destaca essa safra de jovens líderes que podem fazer uma grande diferença nesse cenário tão devastado, tão suspeito e tão malvisto que é a política brasileira, marcada pelos escândalos de corrupção.
A coerência e maturidade da jovem Tabata Amaral, de 24 anos, eleita pelo PDT  – que por sinal ameaça lhe expulsar da legenda por ter votado a favor da Reforma da Previdência – foi destaque em poderosos jornais como o italiano Corriere Della Sera e o inglês Financial Times que inicia relato sobre Tabata  considerando-a um sopro de ar fresco” na frustração dos brasileiros com a política.
Estaria nessa geração de jovens líderes globalizados, com visão moderna do exercício da cidadania, um futuro político mais bonito pra o Brasil? Depois que a Lava Jato – maior investigação de corrupção da história do Brasil -, devassou um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou bilhões de reais em propina, envolvendo soberanos empresários, altos agentes públicos e pretensas lideranças políticas que transitavam pelo poder, ora reluzentes, ora furtivos, a cara da política brasileira, que já não era boa, ficou em ruínas.
Apontar um caminho promissor que resulte em transformações necessárias e radicais e reconquistar a fé, a confiança e a esperança de uma sociedade brutalmente lesada, é uma tarefa hercúlea que requer a energia, os bons propósitos, a força, a visão moderna e o espírito revolucionário que só os jovens têm. Precisamos acreditar!
Samuelita Santana
Jornalista
71996732919

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