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ARMANDO AVENA: FILHOS E VICE? MELHOR NÃO TÊ-LOS!

Redação - 26/04/2019 07:24

Millor Fernandez dizia que metade da vida é estragada pelos pais e a outra metade pelos filhos. Na literatura, por exemplo, Shakespeare conta a tragédia do Rei Lear, que resolveu partilhar seu reino entre suas três filhas colocando como parâmetro  as declarações de amor que lhe prestassem. As duas filhas mais velhas, Goneril e Regan, declararam que amavam o pai acima de tudo, já a caçula, Cordélia, lhe disse a verdade: que o amava, mas que não podia fazê-lo acima de tudo, pois quando se casasse teria filhos e marido. Reis não gostam de ouvir a verdade e Lear, indignado, dividiu seu reino entre as filhas aduladoras, relegando a mais nova a miséria. Donas do poder, as irmãs mais velhas se uniram e  expulsaram o rei do seu próprio reino.

Na vida real o exemplo vem de Roma, como nos conta o historiador Tito Lívio.  A Roma republicana foi fundada em  509 a. C, quando o nobre Lucius Junius Brutus depôs o rei Tarquínio, o Soberbo e fundou a república romana. Mas os jovens oriundos da nobreza perderam seus privilégios com as leis republicanas que beneficiavam o povo e puniam a corrupção e a devassidão antes toleradas e conspiraram para derrubar a República e devolver o poder aos Tarquínios. Denunciada a conspiração, os rebeldes foram presos e entre eles estavam Tito e Tibério, filhos de Brutus. O pai foi obrigado a presidir um julgamento em que os conspiradores foram condenados à morte.  Brutus presidiu a execução dos filhos na arena romana onde o povo exigia a morte dos traidores e “as contrações de seu rosto, onde assomavam sentimentos de amor paterno, foram sufocados pelo dever de aplicar castigos em nome do Estado”.

Filhos podem estragar a vida de reis e de presidentes e o presidente Jair Bolsonaro devia consultar a história ou a literatura para ver que quando os filhos se misturam diretamente com o poder ou destroem o pai, ou destroem o Estado. Em pouco menos de quatro meses, a prole do presidente criou uma crise atrás da outra, seja com Flavio Bolsonaro envolvido num esquema de corrupção até hoje não esclarecido; Eduardo propondo fechar o Supremo e tomando o lugar do Ministro das Relações Exteriores; e Carlos Bolsonaro, mestre na geração de intrigas, derrubando ministros e, neste momento, atirando contra o vice-presidente.  Bolsonaro não está alheio a isso, ao contrário, a impressão é que usa o zero dois para através dele fritar ministros e passar recados ao seu vice. O problema é que esse tipo de ação destrói a coesão do governo, que precisa dela para aprovar as reformas. Ataques ao vice-presidente são inúteis, já que ele não pode ser demitido, e não o enfraquecem, pois ele continua detendo a prerrogativa de substituir o presidente. Isso sem contar que um ataque radical pode transformar o vice num opositor radical e, no Brasil, é sempre melhor ter um vice amigo do que inimigo. Em Brasília, há duas versões, entre muitas, sobre o caso:  os mais próximos ao clã Bolsonaro afirmam que o general Mourão está efetivamente querendo se diferenciar do presidente, colocando-se como uma alternativa de poder; os mais críticos dizem que é da natureza da família Bolsonaro criar conflitos e que eles precisam escolher um inimigo (o vice ou qualquer outro) para, desse modo, se afirmar. A primeira hipótese é um equivoco, já que movimentações políticas do vice em direção ao poder só dão certo quando o presidente já está enfraquecido, o que não é o caso. A segunda é caso de psicanalise e só Freud explica. O pior é que enquanto Bolsonaro, seu vice e seus filhos dedicam-se à fofoca política, o desemprego aumenta, as previsões de crescimento do PIB desabam, a cotação do dólar beira os 4 reais e o país mergulha novamente no imponderável.

                                                 FILHOS E PRESIDENTES

É sempre bom lembrar que nesta infeliz república ao sul do Equador, os filhos dos presidentes sempre estiveram próximos ao poder desfrutando do prestígio e de suas benesses, mas havia uma regra tácita que fazia com que a prole vivesse em torno do poder sem aparecer publicamente, como se viu nos governos de Fernando Henrique e de Lula. Só agora, no governo Bolsonaro o protagonismo filial, muitas vezes infantil e despropositado, assumiu o poder.

                                             O CAMINHO DA REFORMA

De todo modo, há que comemorar a aprovação do projeto de reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça. O governo cedeu em alguns pontos, mas manteve a essência da proposta. Já na comissão especial haverá muito o que discutir. A retirada do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e da aposentadoria rural, por exemplo, reduzirá de R$ 1 trilhão para cerca de R$ 600 milhões a economia gerada em 10 anos, o que significa que não resolverá o problema. Se esses itens forem retirados, como querem os deputados, terá que haver algum tipo de compensação, que poderia vir, por exemplo, do projeto de reforma da previdência dos militares que, embora sejam responsáveis por mais de 15% do déficit previdenciário, estão fazendo uma economia de apenas 1% com a reforma apresentada.

                                          A BAHIA E OS EMPREGOS

Quem mais gerou emprego com carteira assinada na Bahia no primeiro trimestre de 2018, foi o setor de construção civil com a criação de 5,5 mil empregos gerados. O setor serviços vem à seguir criando no período 4,6 mil empregos, segundo o Caged. Já a atividade comercial eliminou 3,1 mil postos de trabalho com carteira assinada, o único setor a apresentar desempenho negativo. O desemprego está travando a atividade comercial, mas o mercado imobiliário parece que acordou.

                                                       A MÍDIA E OS MEIOS

Em 2018, a compra de mídia no país atingiu o montante de R$ 16,5 bilhões, cerca de 0,5% superior  ao montando do ano anterior. A TV Aberta continua liderando o setor e representou  58,3% do total. Mas o que chama a atenção foi a compra de mídia para a internet, que atingiu R$2,9 bilhões, um crescimento de 20% em relação a 2017. Com isso, o segmento de internet assume a vice-liderança na compra de mídia no país, com 17,7% do total. A chamada mídia OOH – Out of Home, representada por outdoors, busdoors, pontos de ônibus, etc,  representa 8.4%, seguido da TV por assinatura com 7.4%. Os cerca de 8% restante vão para os jornais impressos, revistas e rádio. Os números são do Cenp-Meios – Conselho Executivo das Normas-Padrão.

                                          REDE BAIANA DE SUPERMERCADOS

O crescimento da rede baiana de supermercados Atakarejo é impressionante. O faturamento da empresa superou os R$ 1,2 bilhão em 2018, o que a coloca entre as 35 maiores redes de supermercado do país. O Atakarejo, que é uma empresa individual de responsabilidade limitada, emprega mais de 4 mil funcionários e continua investindo e ampliando o número de lojas. Esta semana inaugurou mais uma loja em Feira de Santana, um investimento de R$ 35 milhões. O mais impressionante é que o faturamento da empresa por metro quadrado é de R$ 46,6 mil, o dobro de gigantes como a Walmart e o Cencosud.

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