

Pequenas e médias construtoras, loteadoras, imobiliárias e administradoras de condomínios também podem, e devem, adotar modelos proporcionais ao seu porte.
A adoção de práticas de governança corporativa tem ganhado relevância entre empresas do mercado imobiliário, setor reconhecido por sua complexidade operacional, forte regulação e alta exposição a riscos financeiros e jurídicos. Para o advogado Ruy Andrade, especialista em Direito dos Negócios, a governança é “um mecanismo estruturante que antecipa problemas, organiza a gestão e protege o patrimônio empresarial”. Segundo ele, implementar governança pode ser determinante para evitar crises severas — e até a falência.
Entre os fatores que mais comprometem empresas do setor estão a centralização das decisões em um único sócio, ausência de processos padronizados, controles financeiros frágeis, baixa transparência, conflitos societários não tratados e inexistência de planejamento sucessório. Em negócios imobiliários, esses pontos críticos tendem a se agravar devido a características intrínsecas do setor, como longos ciclos de obra, necessidade de capital intensivo, responsabilidade perante consumidores e dependência de licenças e regularizações.
Ruy Andrade enfatiza que a governança não é restrita a grandes incorporadoras. Pequenas e médias construtoras, loteadoras, imobiliárias e administradoras de condomínios também podem, e devem, adotar modelos proporcionais ao seu porte. Entre as práticas recomendadas estão: criação de conselho consultivo para ampliar a visão estratégica; definição formal de papéis e responsabilidades de sócios e gestores; realização periódica de auditorias jurídicas e financeiras; implementação de indicadores específicos do setor, como VSO, percentual de distratos e acompanhamento físico-financeiro; e desenvolvimento de políticas internas de integridade, comunicação e tomada de decisão.
Empresas que estruturam sua governança relatam ganhos que vão além da mitigação de riscos: maior credibilidade institucional, acesso facilitado a linhas de crédito, redução de litígios, aumento de produtividade, melhoria no relacionamento com clientes, investidores e parceiros, além de maior capacidade de atravessar ciclos econômicos adversos com estabilidade.
Para organizações que desejam iniciar esse processo, Andrade recomenda que o primeiro passo seja incorporar a governança à cultura do negócio, buscando capacitação e referências em instituições como o IBGC, e contando com orientação especializada para adaptar as práticas ao contexto específico do mercado imobiliário e à realidade de cada empresa.