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SÉRGIO FARIA – A HISTÓRIA DO 2 DE JULHO

Redação - 21/06/2025 10:17

Era no dous de julho… A pugna imensa

Travara-se nos cerros da Bahia…

O anjo da morte pálido cosia

Uma vasta mortalha em Pirajá.

Neste lençol tão largo, tão extenso,

Como um pedaço roto do infinito…

O mundo perguntava erguendo um grito:

Qual dos gigantes morto rolará?

Ode ao dous de julho, Castro Alves

Todo aluno do ensino fundamental aprende cedo que o Brasil se tornou independente de Portugal no dia sete de setembro de 1822, com D. Pedro I e o grito da independência às margens do rio Ipiranga.

Ocorre que, a despeito do Sete de Setembro, a resistência portuguesa se prolongou e se concentrou na Bahia, palco de várias batalhas até que, no dia dois de julho do ano subsequente, o Brasil pôde, de fato, se libertar definitivamente do jugo da corte de Portugal.

Para os baianos, portanto, a data histórica de maior relevância é o Dois de Julho, quando a Independência da Bahia é celebrada em grande estilo.

Dentre os conflitos que ocorreram no contexto da Guerra da Independência, a Batalha de Pirajá, a oito de novembro de 1822, teve um papel decisivo, eis que a vitória dos brasileiros, naquele momento,garantiu a continuidade do cerco à cidade de Salvador, até então sob completo domínio das tropas portuguesas.

Cantada em versos, a bravura dos baianos naBatalha de Pirajá é cercada de mistérios e lendas e, dentre várias passagens curiosas, destaca-se a atuação atribuída ao corneteiro Lopes, umpersonagem secundário que, entretanto, terminou assumindo papel decisivo na história.

Ressalte-se que nas batalhas que precederam o Dois de Julho imperava a desorganização dos exércitos, de modo que era possível identificar portugueses e brasileiros de ambos os lados e as tropas eram reforçadas com o envolvimento de civis, índios, brancos e negros.

Nesse cenário, Luiz Lopes, não obstante fossenascido em Portugal, lutava ao lado das forças brasileiras, cabendo-lhe a função de, com o toque da corneta, traduzir e sinalizar para o exército asinstruções do Alto Comando.

O Brasil estava em visível desvantagem, a derrota parecia inevitável face à superioridade numérica e de armamentos dos portugueses e outra alternativa não havia senão o recuo estratégico.

Acuado, o Comandante determinou o toque de retirada, mas, inexplicavelmente, num gesto de coragem, ousadia ou mesmo num acesso de loucura, o corneteiro Lopes, contrariando ordens superiores, fez soar o toque agressivo de avançar degolando e, assustados, os portugueses recuaram, permitindo a vitória estratégica das forças do Exército Pacificador.

Uma das versões mais populares acerca da explicação para o comportamento do corneteiro Lopes no episódio de Pirajá assegura que ele teriasofrido grande desilusão amorosa, traído por sua amada, o que o levou ao desespero e ao desencanto.

Se assim for, nosso verdadeiro herói, o herói da nossa independência, outro não é senão o ilustredesconhecido por quem a morena se encantou aponto de deixar o corneteiro Lopes a ver navios no cais do porto de Salvador.

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