Em 1992, o economista e marqueteiro James Carville criou o slogan “É a economia, estúpido!” para dizer que os eleitores estavam mais preocupados com a situação econômica do que com os problemas políticos. Carville está certo, tanto que o slogan deu a vitória de Bill Clinton. Mas em política nada perdura e hoje é possível dizer com toda a força: “Não é mais a economia, estúpido!”.
Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden vem apresentando resultados positivos na economia, com o crescimento de 2,5% no PIB e uma taxa de desemprego de apenas 3,7%. No Brasil, o PIB cresceu 3% em 2023 e o país voltou ao top 10 das maiores economias do mundo, a taxa de desemprego é a mais baixa dos últimos dez anos, a inflação está controlada e a taxa de juros em queda e, no entanto, a avaliação positiva do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) caiu para 33%, segundo pesquisa divulgada pelo Ipec.
É verdade que Lula parece pouco interessado em gritar aos quatro cantos do Brasil que a economia está indo bem em seu governo, parece mais interessado na política externa que não atrai um voto sequer, mas tira milhões deles. É verdade também que a área de comunicação do governo Lula não parece muito interessada em divulgar o bom momento econômico e é pífia a publicização dos bons resultados. Não se sabe se há alguma diretriz no sentido de não encher a bola do ministro Fernando Haddad ou se o “fogo amigo” está correndo solto, mas se sabe que a comunicação dos feitos econômicos do governo está muito fraca. Mas não é esse o problema.
O problema é que tanto os Estados Unidos quanto o Brasil estão imersos na polarização política e de tal modo que a população que assumiu um lado político na disputa só dá importância aos fatos que beneficiem o seu lado e comprometam o lado do adversário. A polarização é tão forte que mesmo nos Estados Unidos, um país fortemente capitalista, os empresários estão torcendo, mesmo no que se refere ao setor econômico, pelos erros do governo se, naturalmente, estiver na oposição. E no Brasil é a mesma coisa.
Ocorre que os eleitores envolvidos pela polarização, tanto lá quanto aqui, não têm número suficiente para eleger os candidatos e, como sempre acontece nas democracias, é a maioria silenciosa que define os pleitos.
Se é assim, os governos têm de se comunicar bem, não apenas com seus seguidores e militantes e usando os bordões tradicionais, mas, principalmente, com a maioria silenciosa que ainda não se decidiu.
Desse modo, tanto governo quanto oposição têm que buscar atrair eleitores e para isso é preciso amenizar o discurso e não o contrário. Radicalizar o discurso não atrai simpatizantes, só alegra os fiéis militantes. Em resumo: não é mais a economia estúpido, muitos menos a radicalização. (EP-11/03/2022)