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ENTREVISTA COM CARLOS HENRIQUE PASSOS – PRESIDENTE DA FIEB

Victoria Isabel - 20/11/2023 10:20 - Atualizado 20/11/2023

Bahia Econômica – O senhor tomou posse recentemente como presidente da FIEB. Quais os maiores desafios que o senhor terá a frente da instituição?

Carlos Henrique Passos – Bom, acho que a indústria do Brasil como um todo enfrenta um desafio enorme na perda do seu peso na matriz econômica do país. E isso está exigindo que o setor busque uma nova industrialização, buscar uma nova indústria e esse desafio também está aqui na Bahia, da mesma forma. Nós temos aqui uma matriz industrial com peso muito forte de alguns setores, como da química que atravessa um problema muitas vezes conjunturais, mas alguns deles também são estruturais e a FIEB se coloca nesse papel de fazer a interlocução, ouvir os setores, aproximar os setores dos governos e oferecer também alternativas de tecnologia através da por exemplo do SENAI Cimatec.

Nesse campo, já existe um bom diálogo com o governo do estado para alinhar estratégias. O diálogo tem sido permanente. Nós estamos aqui conversando sempre com o governo da Bahia pelo próprio governador secretário de desenvolvimento econômico digamos derrubando barreiras que muitas vezes excedem a fronteira da Bahia. São assuntos que no caso específico da química tem fatores que são globais, são do mercado externo, tem alguns outros são nacionais que envolvem a Petrobras, envolve questões federal, mas o diálogo tem sido exercido e com certeza vai se buscar superar a os desafios que tem por aí.

Por exemplo, a questão da guerra. Com impedimento da Rússia participar do Mercado de livre comércio ele tem vendido petróleo e gás para China que a partir de ter uma matéria-prima mais barata do que a nossa passa a ter uma condição de competitividade bastante desafiadora pra indústria local, que por sua vez tem basicamente a Petrobras, um fornecedor só e daí o diálogo com o governo é importante.

Bahia Econômica – Em relação a inflação, o país está em eminente queda da taxa para 2024. Como a industria baiana pode se beneficiar desse fato?

Carlos Henrique Passos – A estabilidade seja ela econômica, jurídica, técnica, sempre é bom pra quem trabalha no longo prazo. Como a indústria é um segmento que se planeja para o longo prazo, a estabilidade para uma inflação, como cambial, como fiscal, como jurídico, da legislativa sempre é importante para que a gente tenha um ambiente de negócio melhor. Mas isso é só um pedaço da parte. Essa parte da inflação é apenas um pedaço, outro pedaço importante e que o setor clama pela redução de juros para que de fato as indústrias brasileiras possam ter uma competição global mais em função do alto juro real da economia brasileira.

Bahia Econômica –  Qual é a expectativa de geração de emprego na indústria 2024 ?

Carlos Henrique Passos – Esses números ainda não estão totalmente finalizados. Nós esperamos crescer. Esse ano tem sido um ano até razoavelmente bom, pois nós não perdemos emprego, mas também não foi um crescimento muito pujante. Esperamos que em dois mil e vinte e quatro de fato a indústria possa crescer num patamar, de três a quatro por cento, seria o ideal pro setor.

Bahia Econômica –  Em relação a reforma tributária, qual sua opinião sobre a nova taxação para a Bahia?

Carlos Henrique Passos – A reforma tributária está em fase final de aprovação, pelo menos ainda do Marco Constitucional, depois disso nós vamos ter ainda várias leis ordinárias e complementares para de fato ter o real, também ela só vai ser aplicada a partir de dois mil e vinte e seis numa fase de graduação até dois mil e trinta e dois quando de fato ela vai ser plenamente absorvida pela sociedade brasileira. A indústria tem uma visão muito positiva da reforma tributária, porque ela tem como pilar a tributação sobre o valor agregado, que é diferente do modelo de hoje, modelo de hoje ele tende a ter uma capitalização de imposto sobre imposto. Então, no setor industrial que requer especialidade, requer atividade, isso é um fator inibidor da melhoria da produtividade industrial. Então, nós entendemos que a reforma tributária pode sim contribuir para a melhoria da indústria, mas temos que também enxergar isso como o tempo que ela vai acontecer, que de fato ela vai acontecer a partir de dois mil e trinta e dois é quando de fato positivo dela com algum poder ser percebidos por toda a sociedade.

Bahia Econômica – Em relação ao aumento do ICMS, como isso pode impactar na indústria?

Carlos Henrique Passos – No caso específico do ICMS da Bahia e outros estados também aumentaram sempre é ruim. Falar em aumento de impostos é muito ruim para quem paga impostos. E o setor industrial, embora ele tenha perdido na economia, é um dos setores que mais pagam impostos no Brasil. Então, todo aumento de impostos é visto como um problema, porque ele gera uma das duas conseqüências possíveis. Uma é a gente quem vem de tentar repassar ao preço o aumento de impostos e aí se o mercado pode comprar ele de certa forma ele vai influenciar a redução de outros mercados na questão que a renda não subiu da mesma forma ou aquele que vende ao não poder repassar para o ao consumidor o aumento ele vai absorver o aumento de custo reduzindo sua margem de lucro.

Foto: Victoria Isabel

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