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O IMPACTO DA QUEDA NOS JUROS – ARMANDO AVENA

Redação - 03/08/2023 07:24 - Atualizado 03/08/2023

O Comitê de Política Monetária (Copom) finalmente reduziu a taxa de juros no montante de 0,5%. A queda poderia ter sido maior, pois os fundamentos da economia, especialmente a inflação que, medida pelo IPCA já encostou no centro da meta, já permitiam uma redução de 0,75%. De todo modo, é um avanço, pois sinaliza o início do ciclo de queda nos juros e em economia as expectativas são mais importantes que o fato.

Se a taxa de juros caísse apenas 0,25%, como estava previsto,  significaria um juro real na casa dos 10% e teria pouco efeito para o estancamento da desaceleração da economia, já detectada pelo IBC-Br, que é uma prévia do PIB e em maio registrou uma recessão de -2%.

A queda nos juros é fundamental para garantir que o crescimento econômico supere os 2% previstos. Os efeitos se darão em todos os níveis, gradualmente. Para começar, os bancos, que baseiam suas taxas na Selic, vão reduzir os juros nos empréstimos, tornando o crédito mais acessível para a população. Com o crédito mais barato, o dinheiro circula mais e aquece a economia. Assim, o financiamento de automóveis, imóveis e eletrodomésticos vão ficar mais baratos e isso vai estimular o consumo e dinamizar diversos setores.

A queda dos juros na ponta do sistema não vai ser imediata, especialmente em áreas como o crédito imobiliário, mas, com novas reduções nas próximas reuniões, haverá um efeito multiplicador em toda a economia e é possível, desde que não haja fatos extraordinários, que o PIB cresça mais de 3% em 2023. O estabelecimento do ciclo de queda nos juros vai ter efeito no mercado de trabalho, onde a taxa de desemprego caiu para 8% mesmo com juros escorchantes e, com a ampliação das vendas e dos investimentos, haverá  aumento nas contratações.

Ao reduzir a taxa de juros, o Banco Central começa a alinhar a política fiscal com a política monetária, ou seja, se há austeridade fiscal e se a inflação está sob controle, os juros podem cair. E esse movimento vai estimular os investimentos, pois vai ficar mais barato a tomada de recursos de terceiros para aplicar na atividade produtiva. Além disso, à medida que a taxa de juros for caindo, vai ficar menos rentável a aplicação em papéis e nos fundos de renda fixa e a taxa de retorno nos investimentos produtivos vai aumentar.

Os juros mais baixos vão estimular o investimento interno e atrair capital externo não o capital especulativo que vem por causa dos juros altos, mas o capital produtivo que gera emprego e renda. E quando o mercado de renda fixa perde atratividade, a bolsa de valores, volta a ser uma boa alternativa para os investidores, que buscam maior rentabilidade no longo prazo. Além disso, juros mais baixos implicam em despesas financeiras menores, aumento de consumo e produção nas empresas, e isso desperta maior interesse dos investidores nas corporações de capital aberto e eleva as cotações das ações. A decisão de reduzir os juros em 0,5% foi boa para o país, mas poderia ter sido melhor.

                            A GUERRA FISCAL E O SUDESTE

 Os estados do Sudeste reclamam da guerra fiscal, mas são eles que mais concedem incentivos fiscais via ICMS. São Paulo, por exemplo, concedeu isenções em 2023 no montante de R$ 79,6 bilhões, o que representa 25% de sua receita. Enquanto isso, a Bahia concedeu R$ 6,3 bilhões, representando apenas 9%.  Proporcionalmente, o líder em incentivos é o Amazonas  com um volume de benefícios de ICMS equivalente a 62% de toda a receita, por causa da Zona Franca de Manaus. Em seguida vem Santa Catarina com 38%, Goiás (35%), Mato Grosso (31%), Paraná (28%) e São Paulo. No Nordeste, quem liderou o ranking foi a Paraíba (20%), seguida de Alagoas (15%) , Pernambuco (12%) e Bahia.

                         AGRO TAMBÉM É INDÚSTRIA

O setor mais dinâmico da economia baiana é o agronegócio. E agro é pop, é tech e é indústria. A Galvani, por exemplo, empresa de fertilizantes que possui unidades de mineração e beneficiamento em Angico dos Dias e Irecê e um complexo industrial em Luís Eduardo Magalhães, vai investir R$ 540 milhões na Bahia. Cerca de R$ 200 milhões vai para dobrar a planta de Luís Eduardo Magalhães (BA) e outros R$ 340 milhões para uma nova unidade de mineração em Irecê (BA). Outros R$ 2 bilhões, serão investidos numa mina e fábrica de fosfatados no Ceará, que produzirão mais 2,2 milhões de toneladas de insumos. A Galvani pretende elevar sua participação na região do Matopiba de 24,5% para 32% em 2026.

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