O anúncio da empresa BYD – Buil Your Dreams de que vai investir R$ 3 bilhões na implantação de três unidades industriais em Camaçari é uma promessa de futuro para a indústria na Bahia. Isso porque, diferente da Ford, que era uma fábrica de passado, já que os automóveis movidos a combustíveis fósseis estão em seu ocaso, a fábrica da BYD, que será a primeira fábrica de carros elétricos do Brasil, vai produzir os automóveis do futuro, movidos à combustíveis renováveis e com forte componente tecnológico. E para quem está preocupado com o preço do carro elétrico, vale lembrar que a BYD pretende produzir na Bahia, o Dolphin, ao preço de R$ 149 mil, preço competitivo e módico em troca da redução da poluição no planeta. É uma fábrica de futuro para a Bahia, pois vai significar a retomada de uma importante cadeia industrial e uma cadeia de suprimentos que pode gerar oportunidades de negócios para as empresas e empresários baianos. A fábrica, prevista para entrar em operação no segundo semestre de 2024, terá uma unidade de produção que pode chegar a 300 mil automóveis ano, outra dedicada a produção de chassis para ônibus e caminhões elétricos e outra para o processamento de lítio e ferro.
Cada uma dessas linhas de produção abre oportunidades de negócios para empresas que queiram fornecer equipamentos e suprimentos e todo tipo de serviço e serão um ímã para a atração de novas empresas e para pesquisa e produção de minérios. Além disso, a Bahia, que já conta com uma unidade da Ford com 1500 engenheiros e faturamento/ano de R$ 500 milhões, já tem a expertise da Senai/Cimatec, vai ampliar sua ação e caminha para se tornar referência internacional em tecnologia, inovação e sustentabilidade. E a declaração da vice-presidente do grupo chinês, Stella Li, vai nesse sentido: “Nosso plano é criar o mais avançado carro elétrico aqui na Bahia. Nosso sonho é tornar a Bahia o centro da inovação e da alta tecnologia. Nós vamos transformar a Bahia no centro da América Latina”.
O governo do Estado agiu corretamente ao conceder incentivos fiscais que preveem a redução do ICMS em 95% até 2032, pois isso foi fundamental para atrair aquela que é a maior produtora do mundo de carros elétricos, superando inclusive a Tesla, de Elon Musk, e, aliás, vieram na hora certa, afinal a reforma tributária vai pôr fim à possibilidade desse tipo de incentivo ao taxar os produtos no destino e não na origem. Importante também a isenção de IPVA que barateia o carro elétrico e beneficia as pessoas e o planeta ao estimular a compra de automóveis não poluentes. No rol das boas notícias surge a possibilidade da BYD obter a gestão, talvez em parceria com outro operador, do antigo porto da Ford, o terminal Miguel Oliveira. E o governador Jerônimo Rodrigues confirmou os investimentos na estrada que liga o porto à indústria, lembrando acertadamente que o porto não deve se especializar apenas automóveis, mas também trabalhar com outros produtos, inclusive equipamentos da indústria eólica.
O investimento da BYD recoloca a indústria da Bahia, que estava se especializando totalmente em commodities, como importante player na produção de bens finais e abre perspectivas para o aproveitamento e treinamento de mão-de-obra local. O fato é que o fechamento da Ford representou um baque para a economia baiana e para a indústria de transformação estadual e a vinda da BYD é uma vitória da Bahia, que premia o trabalho do governador Jerônimo Rodrigues e abre caminho para um processo de reindustrialização estadual e para a ampliação do PIB.
REFORMA TRIBUTÁRIA
O Brasil será outro país, se aprovar a reforma tributária. Em vez de 27 legislações tributárias e dezenas de impostos, terá basicamente dois impostos. O IVA – Imposto de Valor Agregado e o IBS – Imposto sobre Bens e Serviços, sobre o consumo estadual e municipal, reunindo o ICMS e o IBS. Fica mantido o Simples Nacional e cria-se o fundo regional para estados e municípios. O setor de serviços não vai ter mais tributação, até porque 90% das empresas do segmento estão no Simples. Os estados e municípios vão perder um pouco de autonomia, com a centralização do imposto, já que o IBS será regido por um conselho federativo. Mas isso é bom, pois tira a política do sistema tributário.