Bahia Econômica – Qual a importância da aprovação do piso nacional de enfermagem para categoria?
Giszele Paixão – A efetivação do piso nacional da enfermagem é o resultado de uma luta árdua da nossa categoria que há mais de 30 anos clama por valorização profissional, o que perpassa por salários justos e dignos. Então a importância do piso é muito grande, principalmente para os profissionais que trabalham aqui na região Nordeste, onde são praticados, a nível nacional, os piores salários.
Bahia Econômica – O governo do estado e a prefeitura de Salvador já se manifestaram se vão cumprir o piso nacional?
Giszele Paixão – Hoje o cumprimento do piso salarial por parte dos estados e municípios é obrigatório no limite dos recursos recebidos da União, não impedindo que entes que tiverem essa possibilidade arquem com a implementação. Então temos dialogado com os gestores do governo do estado e da prefeitura no sentido de sensibilizá-los para a importância de que o piso seja pago na sua integridade aos profissionais de enfermagem, ainda mais depois de estarmos na linha de frente ao longo de três anos no combate à pandemia da Covid-19, o que evidenciou ainda mais a importância dos nosso trabalho para a saúde da população. Além disso, estamos mobilizados junto com o sistema Cofen/Conselhos regionais construindo pontes para que os demais ministros do STF acompanhem o voto do ministro Edson Fachin, que votou pelo pagamento integral do piso a estes profissionais, tanto no setor público quanto no privado.
Bahia Econômica – Como você avalia as manifestações da categoria em prol dessa mudança?
Giszele Paixão – Acho extremamente importante a gente tocar nessa questão, porque foi a mobilização da categoria nas ruas e nas redes sociais que confluiu para que o Congresso Nacional aprovasse a Lei do piso e todo o arcabouço legal que ocasionou sua implantação. Vale destacar que todo o sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem deu uma contribuição significativa para que chegássemos a este momento em que o piso começa a ser implantado, ainda que nos termos do ministro Barroso. Mas acreditamos que o STF deve seguir o entendimento do ministro Fachin que determinou a derrubada completa da suspenção do piso.
Bahia Econômica – Além do piso algum outro ponto a categoria pretende seguir lutando?
Giszele Paixão – Com toda certeza, o piso representa uma grande conquista que finalmente está se tornando uma realidade, mas existem outras lutas para ampliar a qualidade do nosso trabalho, dentre elas a de que a jornada de trabalho dos enfermeiros, dos técnicos e auxiliares de Enfermagem e das parteiras não exceda seis horas diárias e 30 horas semanais, o que qualificaria ainda mais o trabalho de nossas equipes. A profissão exige um alto nível de dedicação, cuidado e atenção constante, o que pode levar ao desgaste físico e emocional dos profissionais. A fadiga e o estresse causados por jornadas longas podem afetar a concentração, a tomada de decisões e até mesmo a saúde física e mental dos profissionais. Além disso, uma jornada de trabalho reduzida também traria benefícios para os próprios pacientes. Enfermeiros com melhor saúde física e mental são mais capazes de prestar um cuidado de qualidade, com maior atenção aos detalhes, empatia e suporte emocional aos pacientes e suas famílias. Outra pauta que é extremamente importante é a obrigatoriedade de instalação de ambiente adequado de trabalho e repouso de profissionais de Enfermagem durante o horário de trabalho. Esses profissionais enfrentam uma rotina intensa, lidando com situações desafiadoras, emocionalmente exigentes e muitas vezes imprevisíveis. Portanto, garantir um tempo adequado para descanso é essencial para preservar a saúde e o bem-estar desses profissionais.
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