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O QUE É UM LIBERAL? – ARMANDO AVENA – COLUNA JORNAL A TARDE

Redação - 21/04/2022 07:50

Um amigo quer saber o que é  ser um  liberal, pois ele se define assim, já que é a favor das privatizações e da redução dos impostos. Explico-lhe que ser liberal é muito mais que isso, e que o liberalismo tem como dogma a liberdade do indivíduo, seja no que se refere à economia ou aos direitos civis. A diferença entre socialismo e liberalismo é que o primeiro propõe a igualdade social, ou pelo menos mais igualdade, e estabelece que o direito da sociedade vem antes do direito do indivíduo, enquanto o segundo admite e estimula a desigualdade econômica e social, gerada pela liberdade de iniciativa.  Segundo John Locke, o indivíduo existe antes da sociedade e do Estado e o direito à vida e a propriedade são inalienáveis, sendo a liberdade individual a base do sistema, não apenas na economia, mas também no mundo civil.

Ser liberal só no âmbito econômico não basta, porque a liberdade econômica só existe com a liberdade civil, que dá ao indivíduo o direito de montar o negócio que quiser, mas também de adotar a religião que preferir e a orientação sexual que desejar, sem intervenção do Estado.  Por isso, toda postura homofóbica, racista ou sexista não tem lugar no ideário da direita liberal, pois cerceia a liberdade do indivíduo. Escolhas individuas como, por exemplo, ser religioso ou não, ser homossexual ou não, estudar em escola bilíngue ou não, não pode ter a intromissão do Estado. O que um professor diz na sala de aula é responsabilidade do indivíduo que escolheu aquela escola;  o que um sacerdote diz na Igreja é responsabilidade de quem aceitou ouvir o seu sermão;  o que um jornalista diz no jornal ou um locutor na televisão não pode ser monitorado pelo estado, pois foi o indivíduo que escolheu aquele canal, e isso só diz respeito a ele ou ao sistema jurídico, se ele se sentir injuriado.

Quando o estado se intromete nesses assuntos, está exercendo a censura, impedindo a diversidade e o exercício do contraditório e querendo impor uma visão de mundo e aí o liberalismo desaparece. Quanto à escola pública, ela tem de disponibilizar informações sobre todas as religiões, todas as ideologias, todas as orientações sexuais e, munido dessa informação,  a escolha será do indivíduo e de sua família.  Meu amigo se revolta, e digo-lhe que se o Estado pratica qualquer tipo discriminação contra ideologias, sexo, religião ou raça, ele torna-se totalitarista e ditatorial e destrói a escolha individual, ao querer  impor a todos uma forma única de ver o mundo.

O Estado não pode interferir nas preferências do indivíduo, mas o liberalismo é democrático e, portanto, estabelece limites na convivência em sociedade e, assim,  aceita a ideia de um Estado regulador, baseado no estabelecimento de um contrato social, como queria Rousseau, no qual as leis e a sua execução dependem da vontade geral, estabelecida na constituição.   E, vale lembrar, o arcabouço teórico do liberalismo admite a desigualdade econômica e social, mas exige que o Estado garanta a igualdade jurídica que, afinal, é o que justifica o individualismo, já que  todos possuem os mesmos direitos, e, por isso,  seria aceitável a liberdade de iniciativa que gera desigualdade. Se um liberal demoniza a Justiça ou o Judiciário, está admitindo um estado absoluto, ditatorial, tudo o que o liberalismo não quer. Percebo que meu amigo fica decepcionado, na verdade ele não é adepto do liberalismo, o que ele quer mesmo é impor sua forma de pensar a todos. Felizmente, a democracia impede que isto aconteça.

                                            A SOJA ESTÁ BOMBANDO

 Nem tudo é crise na economia desse país. Na região Oeste da Bahia, por exemplo, o dinheiro está entrando a rodo por conta da exportação de soja, cujo preço disparou no mercado internacional com a Guerra da Ucrânia. No primeiro trimestre de 2022, o valor das exportações de soja na Bahia cresceu 400% em relação a 2021, saltando de US$ 59 milhões para US$ 294 milhões. Mesmo que parte desse montante siga outros caminhos, uma movimentação financeira dessa magnitude faz bombar o consumo e o investimento nas cidades do Oeste. E não foi só o efeito preço, a quantidade exportada quadruplicou no período, elevando de 133 mil toneladas em 2021 para 556 mil em 2022. Os dados são da SEI.

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