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ENTREVISTA COM SAMUEL TORRES, CONSULTOR FINANCEIRO DA ONZE, FINTECH FALANDO SOBRE A ALTA DA SELIC

Redação - 07/02/2022 07:00 - Atualizado 07/02/2022

Bahia Econômica – O Brasil deve voltar a ter uma taxa de juros de dois dígitos. Qual o principal impacto disso nos investimentos?

Samuel Torres – O principal impacto já foi visto, que foi uma reprecificação significativa dos ativos, da renda variável à renda fixa, especialmente de títulos com componente prefixado (como títulos prefixados e indexados à inflação).

Olhando para frente, se por um lado os títulos pós-fixados estão pagando taxas bastante altas, por outro lado, pelo menos até o momento, não é esperado que as taxas continuem tão altas no médio prazo. O Banco Central, por exemplo, espera que a taxa Selic seja reduzida a 8% a.a. em 2023.

Sendo assim, o investidor deve olhar além da rentabilidade de curtíssimo prazo e avaliar bem também outros ativos mais arriscados, mas que podem acabar entregando maior rentabilidade em um horizonte de tempo mais longo. Dados os preços atuais, pode ser um bom momento para comprar diversos ativos um pouco mais arrojados – que nem precisam ser tão arriscados, pois pode-se encontrar boas oportunidades mesmo dentro do Tesouro Direto, por exemplo.

Bahia Econômica – Qual a sua expectativa para a Selic até o final do ano? 

Samuel Torres – 11,75% a.a.

Bahia Econômica – Como você avalia o cenário de investimentos em fundos imobiliários com a Selic em alta?

Samuel Torres – Com a taxa Selic em alta não apenas a rentabilidade dos fundos imobiliários ficou menos interessante, tudo o mais constante, como as próprias perspectivas de alguns fundos, podem ter sido impactadas com o efeito negativo da Selic alta na economia, que pode afetar negativamente a demanda pelos ativos dos fundos imobiliários, impactando preços de aluguéis e, consequentemente, a rentabilidade dos fundos. Sendo assim, é importante avaliar ativo a ativo.

Bahia Econômica -Como você analisa o cenário de investimentos em renda fixa como a Selic em alta ? 

Samuel Torres – Concomitantemente à alta da taxa Selic, vimos a taxa de títulos prefixados e indexados à inflação aumentar substancialmente também.

O investidor deve tomar cuidado com títulos prefixados que podem parecer muito interessantes apenas pelas taxas de dois dígitos, pois, caso o Banco Central não consiga levar a inflação para baixo, a rentabilidade real desses títulos pode ser corroída pela inflação.

Já os títulos indexados à inflação são excelentes opções para quem pode deixar o dinheiro “preso” por um período, uma vez que “garantem” uma rentabilidade acima da inflação se mantidos até o vencimento. Contudo, é importante entender os riscos desses títulos: mesmo títulos com liquidez diária (como o Tesouro IPCA+) sofrem variação de preço diariamente, de maneira que, se resgatados antes do vencimento, podem apresentar rentabilidade menor do que a esperada ou até negativa.

Bahia Econômica – Como você analisa o cenário de investimentos em renda variável como a Selic em alta? 

Samuel Torres – As ações brasileiras, de maneira geral, apresentaram desvalorização substancial desde o meio de 2021. O Ibovespa, segundo algumas métricas, encontra-se teoricamente em preços bastante atrativos.

Isso significa que o retorno potencial é bastante relevante. Contudo, os riscos são bastante altos também, dado o cenário econômico de juros , inflação e desemprego altos, baixo crescimento da economia e incerteza quanto ao futuro em decorrência das eleições presidenciais.

Assim, considero um investimento com potencial de retorno alto, mas também com bastante risco, de maneira que apenas recomendo como um componente de uma carteira bem diversificada e para quem entende todos os riscos.

Bahia Econômica – O Brasil deve iniciar em breve seu período eleitoral. Como os mercados futuros de índice e dólar devem se comportar nesse cenário eleitoral?

Samuel Torres – A expectativa é que tenhamos muita volatilidade conforme os candidatos passem a dar mais detalhes de suas propostas de governo e comecem a ser divulgadas as pesquisas eleitorais.

Candidatos com boas chances de vitória, que tendam para uma política econômica mais centrista ou liberal, tendem a agradar o mercado, o que tende a levar a uma alta de ações e queda do dólar em relação ao real.

Indicações de políticas “populistas” e de descontrole fiscal tendem a levar a desvalorização de ações e alta do dólar.

Foto: divulgação

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