Por: João Paulo Almeida
Bahia Econômica: o governo do estado autorizou o funcionamento de bares e restaurantes até às 21:00 na capital. A medida visou ajudar o setor a receber clientes no turno da noite. O senhor acredita que a medida teve efetividade?
Silvio Pessoa: Não. Se você observar a questão do setor nós estamos vivendo o pior momento de nossa história. Com esse novo decreto os bares e restaurantes estão abrindo às cinco da tarde e fechando às 20h30min. Estamos praticamente sem atender ao público da noite. Estamos sós com o horário do almoço. Em outros locais como o Rio de Janeiro e Pará, por exemplo, estão abertos até depois das 22h00min. Aqui ainda estamos sujeitos a políticas publicas que não estão favorecendo o setor. Nós estamos demitindo funcionários todos os dias e numa situação muito complicada no ano
BE- Na sua opinião o estado já tem condição de voltar a normalidade?
SP – Os dados mais recentes apresentados pelo governo e pela prefeitura mostram uma ocupação de 74% nos leitos de UTI. Paralelo a isso a Bahia tem sido um dos estados com maior velocidade de vacinação do Brasil. Os números já permitiriam o governo voltar à normalidade. O que o setor está pedindo não são migalhas dos governantes não. Estamos tentando voltar a trabalhar para sobreviver. Não adianta querer que governo fizesse isso ou aquilo. Queremos é a liberdade de voltar a trabalhar.
BE- Sobre a MP 936 que está para ser sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro e vai permitir que empresários reduzam salários e jornadas. Como o senhor avalia?
SP- São importantes medidas, mas eu acredito que poderíamos ter mais. Migalhas não vão salvar o setor de um colapso completo. Nós precisamos reabrir praias, pois aqui foi o único local que as praias ainda estão fechadas. Nós precisamos incentivar o turismo, nós precisamos de bares e restaurantes abertos 24 horas, coisas que vão atrair turistas para cá. A Bahia é um estado que por se só já tem a veia turística e precisa desse incentivo para voltar a crescer. Acredito que a MP é fundamental, mas precisamos de mais.
BE- Qual a expectativa do setor para o ano de 2021?
SP- Imprevisível. O que eu posso garantir é que começamos muito mal. Segundo pesquisa do IBGE o primeiro trimestre teve uma queda de 58% em relação ao ano passado e a tendência é piorar. Nós perdemos o verão, que é um momento de grande incentivo para o setor. Passamos um mês e um pouco mais com as portas fechadas. Nós perdemos o final do ano que sempre ajuda também. E acima de tudo perdemos qualquer gordura que normalmente conseguimos fazer. Por isso o ano é imprevisível para o setor.
BE- Podem ocorrer novas demissões?
SP- As demissões no setor não pararam ainda. Nós observamos principalmente os cozinheiros do setor do turismo bares e restaurantes temos seus salários cortados quando não são demitidos. Não tem para quem cozinhar então acabam sendo demitidos. A tendência é que essas demissões continuem enquanto o setor não conseguir voltar a operar
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