O sonho do ex-presidente Lula é disputar a eleição de 2022 contra o presidente Jair Bolsonaro. A primeira vista aprece sonho mesmo, afinal Lula responde a tantos processos na Justiça que parece impossível desvencilhar-se deles para se candidatar, mas, a depender das decisões que o Supremo Tribunal Federal vai tomar nos próximo meses, a situação jurídica de Lula pode melhorar. Se, por exemplo, a mais alta corte do país consolidar o entendimento de que o réu delatado deve falar após o réu delator, ou admitir que o juiz Sérgio Moro agiu de forma inadequada nos processos da Operação Lava-Jato, alguns do processos contra o ex-presidente podem voltar para o início. E, se for suspensa a tese da condenação em segunda instância, retornando o princípio do trânsito em julgado, hipótese que hoje conta com maioria no Supremo, o caminho jurídico de Lula em direção ao Palácio do Planalto estará pavimentado.
Aí faltaria pavimentar apenas o caminho político, ou seja, avaliar a popularidade tanto de Lula quanto do presidente Jair Bolsonaro para ver estariam dadas as condições para uma disputa. Nesse sentido, tudo vai depender dos resultados do governo Bolsonaro, especialmente no âmbito da economia, mas também da ação política de Lula e seus militantes que necessitam urgentemente de uma campanha mais efetiva para tentar limpar o nome do ex-presidente.
Nesse novo quadro político, Lula já tem porta-voz e, como demonstrou a reportagem da Revista Isto é da semana passada, ela atende pelo nome de Janja. Trata-se da noiva de Lula, Rosângela da Silva, com quem o ex-presidente deve se casar em breve, e que está sendo chamada de “dona do pedaço” pelos petistas. Segundo a revista, ela é a nova mandachuva do PT e já dá ordens a Fernando Haddad e Gleisi Hoffmann. Foi ela quem transmitiu aos correligionários que o futuro marido não admitiria a progressão da pena para o regime semiaberto. Todos no PT já sabem que “Janja é Lula” e é ela que, nas reuniões da cúpula do partido em Curitiba e em São Paulo discute o futuro da legenda e aposta na gradual deterioração do governo Bolsonaro e na ascenção do nome de Lula como alternativa ao poder. Nesse cenário Lula se coloca cada vez mais como candidato a Presidente da República e Janja é o seu porta-voz. (EP – 14/10/2019)
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