“Politica é guerra, sem derramamento de sangue”, assim dizia Mão-Tsé-Tung, o líder comunista da China que ficou no poder até a morte. Mas o governo Bolsonaro, e seu infante partido, ainda não percebeu isso e, sem exército, armas ou estratégia, quer aprovar a reforma da Previdência na base do discurso presidencial do tipo “a bola agora está com o Congresso” e de acusações contra a “velha política”, e contra o “toma lá dá cá”. Na quarta-feira, Paulo Guedes, o principal general da tropa bolsonarista foi bombardeado sem dó nem piedade no Congresso Nacional e poucas vezes se viu um exército tão mal preparado, que aceitou colocar na presidência da Comissão de Constituição e Justiça, o deputado Felipe Francischini, um neófito em política de apenas 27 anos, que não teve força para conter um inimigo experiente. Resultado: a oposição tomou conta do plenário. O General Guedes até que enfrentou o adversário com garra e demonstrou que a reforma da Previdência é indispensável para viabilizar a retomada do crescimento econômico.
Disse o que todo mundo já sabe: que o sistema previdenciário está “financeiramente condenado antes de a população envelhecer”, que o governo “gastou no ano passado dez vezes mais com a Previdência Social do que com a educação” e que sem a reforma o Brasil não vai voltar a crescer. O problema é que o interesse dos deputados de oposição, que dominaram a sessão, não era discutir a reforma, mas apenas dar uma satisfação ao seu eleitorado e isso faz parte do processo democrático. A oposição fez o que tinha de fazer, o governo é que não soube se defender. De todo modo, a sessão serviu para mostrar que sem montar uma base política no Congresso, o governo Bolsonaro vai ser atropelado e que a reforma da Previdência vai para as calendas gregas se não houver um novo alinhamento entre parlamentares e governo. Bolsonaro atende ao seu eleitorado ao dirigir sua artilharia contra a “velha política” e o “toma lá dá cá”, e é bom para o país que o “toma lá dá cá” baseado na corrupção, no dinheiro e na propina seja eliminado de vez da política brasileira.
Mas a política é movida pelo poder e pela vontade de ver projetos e ideias colocadas em prática e essa é a moeda legítima em qualquer Parlamento do mundo e o Presidente precisa usá-la se quiser implementar suas reformas. No mais, duas constatações: a primeira é que é indispensável para o país que o eixo central da reforma da previdência seja aprovada ainda no primeiro semestre. Se isso acontecer haverá aumento nos investimentos nacionais e estrangeiros, ampliação da confiança dos consumidores, ampliação do consumo e a consequente redução do desemprego viabilizando o crescimento econômico de pelo menos 2,0% em 2019. A segunda é que é indispensável que o Presidente da República deixe o aviãozinho de lado e assuma a coordenação política do seu governo, montando uma base aliada no Congresso, pois sem isso não haverá aprovação de qualquer reforma e as pautas bombas, como aquela que aprovou o orçamento impositivo para as emendas parlamentares, se sucederão. Se a primeira condição não for viabilizada, o Brasil vai voltar a flertar com a recessão. Se a segunda condição não for concretizada, o Brasil vai voltar a flertar com a crise política, o impeachment ou coisa pior.
NÃO BASTA A PREVIDÊNCIA
A aprovação da reforma da previdência é fundamental para garantir o futuro, mas não mexe imediatamente no presente, por isso, o governo precisa começar a adotar medidas de caráter microeconômico que não precisam passar pelo Congresso. Além da reforma previdenciária, medidas para ajudar a aumentar a produtividade, o emprego e estimular o destravamento da economia precisam ser adotadas com urgência. O Ministério da Economia sabe disso e anunciou, por exemplo, o lançamento de um conjunto de 50 medidas, englobadas sob o título de Simplifica, com o objetivo de desburocratizar a vida do setor produtivo. E anunciou também o Emprega Mais, programa com o qual o governo pretende adotar uma nova estratégia de qualificação de mão-de-obra através do sistema de “vouchers” (vales) que serão oferecidos para empresas e trabalhadores que investirem na qualificação. Fundamental também é o programa, em estudo pela equipe econômica, que pretende retirar barreiras à competição interna em diversos setores, como saneamento, medicamentos, óleo e gás, bancos, propriedade de terras, telecomunicações, etc. Isso é que é governar.
FUNDO CONTRA A CORRUPÇÃO
O deputado Alan Sanches (DEM) apresentou um projeto de lei na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) criando o Fundo Estadual de Combate à Corrupção (FECC), O fundo seria destinado a financiar ações e programas dos órgãos do sistema de controle interno do Estado voltados ao combate à corrupção e estaria vinculado à Auditoria Geral do Estado. Os recursos para compor o fundo viriam de multas administrativas aplicados pela máquina pública. A ideia é interessante, mas o problema é a falta de autonomia dos órgãos que fariam a auditagem.
PEDRAS PRECIOSAS
A Bahia é o 3o maior produtor de gemas e pedras preciosas do país. E em 2018, as exportações de metais preciosos atingiram US$ 411 milhões, representando 5% das exportações baianas e constituindo-se no 7o principal produto na nossa pauta de exportações, superando o cacau, o algodão e a fruticultura. A Bahia é o 3o maior produtor do país e se destaca em ouro, cromo e diamantes.
NAVIOS
De novembro até abril deste ano, Salvador recebeu 45 navios vindos de diferentes locais trazendo para a cidade cerca de 154 mil passageiros. Até o final da temporada de cruzeiros, ainda chegarão mais três navios no Porto de Salvador. Embora não sejam oficiais, os dados indicam que Salvador estaria em 5o lugar entre as cidades que mais recebem navios de cruzeiro no país, abaixo de Santos, Búzios, Rio de Janeiro e Ilhabela. Há espaço para ampliar esse mercado, tanto que se refere ao número de navios, quanto ao tempo ancorado no porto.
SALVADOR E A INDÚSTRIA
Muitos soteropolitanos ficaram surpresos aos ver uma indústria de colhões pegando fogo em Salvador, afinal, a cidade não tem indústrias. Ledo engano. Há em Salvador pelo menos quatro fábricas de espuma e colchões. E o setor industrial da cidade é muito mais diversificado e possui indústrias químicas, de plástico, metalúrgicas, têxteis, confecções e muito mais. A indústria soteropolitana é, ao que parece, composta de pequenas, médias e micro empresas, mas nem a Federação das Indústrias do Estado da Bahia, nem nenhum órgão público elaborou estudo sobre o potencial desse segmento da economia. E, além disso, Salvador tem dois grandes terminais portuários, que exportam contêineres e milhões de toneladas de grãos. Há mais mistérios na economia soteropolitana do sonha nossa vã filosofia.