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JOÃO LEÃO – VICE GOVERNADOR DA BAHIA

Redação - 25/03/2019 07:00 - Atualizado 25/03/2019

BE- Vice-governador, existem comentários de que a redução de 40 metros o vão central da ponte Salvador-Itaparica pode prejudicar a economia da Bahia no sentido de prejudicar a livre circulação de navios na Bahia de Todos os Santos. Prejudicando também a questão de reparação de estaleiros. O que o senhor pode comentar a respeito?

JL-No projeto revisado da Ponte, a altura prevista para o tabuleiro é de 85 m, medidos do nível do mar – com maré cheia – ao fundo da bandeja. Isso fará da Ponte Salvador-Ilha de Itaparica uma das pontes sobre o mar mais altas do mundo. Essa altura é suficiente para a passagem de qualquer tipo de navio. Ademais, os grandes navios de cruzeiro e os porta-contêineres maiores NÃO precisarão passar sob a Ponte, pois continuarão utilizando o Porto de Salvador.

O Governo não acredita que a atividade de manutenção de plataformas, atualmente realizada nos estaleiros, justifique um gasto extra da ordem de mais de R$ 1 bilhão para colocar a ponte a 125m de altura. Com a execução do projeto da ponte, está garantido mais desenvolvimento, emprego e renda para a Bahia e para os baianos. A construção de plataformas, por sua vez, são apenas possibilidades e não estão garantidas.  Sendo assim, o Governo optou por uma estratégia que assegure o crescimento econômico das regiões beneficiadas e a geração de postos de trabalho.

Isso não significa dizer que o Governo não apoie o desenvolvimento da indústria naval na Bahia. Ele apenas está fazendo uma análise de custo-benefício. A Ponte terá um impacto muito maior na economia baiana do que a manutenção de plataformas. E, além disso, o Estaleiro terá mais de cinco anos para redesenhar sua estratégia, preparando-se para competir em outras atividades e em várias outras áreas da construção naval, como, aliás, já está fazendo ao obter licença para operar como terminal de combustíveis e ao participar de licitação da Marinha do Brasil destinada à produção de navios de guerra (corvetas).

BE- Sobre a reunião da última quinta feira qual a sua expectativa?

JL – Na audiência pública, explicamos todos os detalhes do projeto da ponte para a sociedade e ouvimos as contribuições. Tiramos dúvidas e, tenho certeza, que o projeto sai ainda mais fortalecido após este momento de escuta da população, dando este teor participativo à proposta.

BE – O Banco de Desenvolvimento Econômico da China anunciou interesse em financiar o projeto da ponte, como o senhor avalia esse interesse?

JL – A qualidade e segurança na estrutura do projeto, que tem sido formato com muita precisão pelo Governo do Estado, tem despertado o interesse dos investidores internacionais, como é o caso recente agora do banco chinês. Além disso, a ponte será uma grande locomotiva, um novo vetor para desenvolver outras partes da Bahia, com benefícios para 10 milhões de habitantes e mais de 250 municípios. Essa grande intervenção viária vai proporcionar ainda o crescimento socioeconômico da própria Ilha de Itaparica, mas também do sul do Recôncavo e do Baixo Sul. Tudo isto, em virtude do encurtamento da distância para a capital e dos investimentos que serão atraídos para os municípios dessas regiões.

BE- Hoje qual seria o melhor lugar para a ponte começar e terminar?

JL – A ponte Salvador-Ilha de Itaparica, que será a segunda maior da América Latina, terá 12,3 quilômetros de extensão e ocupará a 23ª posição no ranking mundial de pontes.

Na sua primeira etapa e do ponto de vista viário, o projeto está dividido em seis segmentos:

  1. a) os acessos em Salvador (viadutos e túneis);
  2. b) a Ponte propriamente dita, que liga o bairro do Comércio, na Cidade Baixa, à praia de Gameleira, na Ilha de Itaparica;
  3. c) a implantação de uma nova rodovia expressa na Ilha, para o desvio do tráfego de passagem;
  4. d) a duplicação da BA 001 entre a nova rodovia e a Ponte do Funil.

Na sua segunda etapa, o projeto abrange as seguintes obras:

  1. a) a duplicação ou substituição da Ponte do Funil;
  2. b) duplicação das BAs 001 e 046 neste entre a Ponte do Funil e Santo Antônio de Jesus;
  3. c) requalificação da BA 001 entre Nazaré e Valença, e implantação da ligação entre Santo Antônio de Jesus e o entroncamento entre a BR-242 e a BR-116

Para os trechos entre Salvador e a Ponte do Funil, que constituem o principal objeto da primeira fase do Projeto, já estão disponíveis o projeto básico de engenharia e a licença prévia ambiental. Para a segunda etapa, os investimentos devem ficar em torno de R$ 700 milhões, incluindo o mais que necessário contorno da cidade de Nazaré. Os projetos e os licenciamentos serão produzidos a partir do início dos trabalhos da primeira etapa. Trata-se de projetos e estudos simplificados, uma vez que as intervenções se darão na faixa de domínio de rodovias já existentes: BA 001 (Funil-Nazaré) e BA 046 (Nazaré-Santo Antônio de Jesus).

Esta etapa compreende ainda o trecho da atual BA 001 entre as cidades de Nazaré e Valença. Trata-se de uma obra de duplicação que também ficará a cargo da concessionária, que deverá se comprometer a realizá-la no momento em que o segmento atingir um volume de tráfego preestabelecido. Até lá, a concessionária será responsável pela conservação da estrada e por sua requalificação, incluindo intervenções pontuais de melhoramento da geometria e inserção de terceira faixa onde necessário. Os trechos a implantar entre as cidades de Santo Antônio de Jesus e Castro Alves, e entre esta e o entroncamento da BR 242 com a BR 116, por sua vez, devem ficar a cargo do governo federal, com a União assumindo a construção como obra pública.

BE – Depois da consulta pública qual o próximo passo?

JL- O processo licitatório. Uma vez completado esse processo e contratado o consórcio de empresas vencedor, este deverá iniciar os trabalhos de preparação dos projetos executivos, obtenção da licença de instalação, licenciamento e implantação dos canteiros e desapropriação das áreas necessárias ao Projeto. Espera-se que o contrato seja assinado ainda este ano e que estas atividades preliminares durem de 6 a 12 meses. Assim, as obras devem começar entre meados de 2020 e o início de 2021.

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