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ENTREVISTA – BERNARDO TEIXEIRA FALANDO SOBRE CRIPTOMOEDAS

Redação - 10/05/2021 07:00

Por: João Paulo Almeida

Bahia Econômica : Mesmo com o drástico aumento no valor de mercado das criptomoedas (valor de mercado chegando em 2 tri USD), o nível de volatilidade do Bitcoin e outras alt-coins parece bater recorde a cada dia. Por que a volatilidade do Bitcoin e outras criptos segue em patamares tão altos? Existe a possibilidade, ou alguma previsão em quando o Bitcoin pode deixar de ser tão volátil?

Bernado Teixeira – Realmente as criptomoedas são muito voláteis. Esse é um comportamento conhecido pelo mercado e percebido como diferencial (seja ele positivo ou negativo) em relação a outras classes ativos mais antigas e estabelecidas. O Bitcoin, apesar de bastante conhecido, ainda é muito novo. Com pouco mais de 12 anos de vida, não chegou ainda na sua maturidade. A parcela de pessoas que ainda não investem ou sequer conhecem o Bitcoin ainda é muito grande, e à medida que essas pessoas e principalmente empresas começam a entrar no mercado, o preço vai seguir sofrendo flutuações mais drásticas.

Uma comparação com o Ouro, por exemplo: o Ouro existe como ativo há milhares de anos. Centenas de Governos e Bancos Centrais detêm ouro em suas reservas, e para que haja um movimento brusco na sua cotação, seria necessária uma combinação extremamente improvável de acontecimentos. Recentemente vimos isso acontecendo em Março de 2020 no “Corona Crash”, mas isso é um evento raríssimo.

Com as criptomoedas é diferente. Elas são mais “ariscas” exatamente por serem novas e terem uma menor penetração de mercado. A tendência para o médio e longo prazo é que esse nível de volatilidade abaixe, à medida que mais e mais empresas comecem a reservar partes cada vez maiores das suas reservas em criptomoedas.

BE – A chegada de Tesla no setor das criptomoedas criou um cenário positivo e fez o Bitcoin bater um recorde de alta, porém ele não foi constante e a moeda voltou a perder valor. Como explicar essa situação?

BT- A valorização do Bitcoin não foi causada apenas pela “chegada da Tesla”. Na verdade, existem centenas de grandes empresas que já estão observando o Bitcoin de perto se posicionando. Nesse sentido, o Bitcoin se comporta exatamente da mesma forma que as ações, o dólar, o Euro, o Ouro e qualquer outro ativo que não seja de renda fixa. Flutuações de preço são normais e, inclusive, saudáveis para que o mercado respire. Nenhum ativo se valoriza para sempre, sem ajustes e correções e fazendo alguns aportes.

BE- Quais os fatores econômicos hoje que podem interferir no cenário das criptomoedas?

BT- O principal fator atualmente, que interfere de forma positiva, é a crescente impressão/geração de moedas fiduciárias, medidas que vêm sendo tomadas pelos governos como forma de amenizar a crise gerada pelo Coronavírus. Jamais houve tanta impressão de dinheiro no mundo, e no médio e longo prazo, isso tende a criar uma oferta muito maior de capital, causando a inflação. Os investidores sabem disso e usam o Bitcoin como forma de proteção a essa iminente inflação.

BE- Qual a expectativa para as criptomoedas no ano de 2021?

BT- A tendência é que as criptomoedas sigam se tornando mais parte do nosso dia-a-dia. Cada vez mais a gente vê grandes empresas atuando no mercado, seja simplesmente montando posições com o caixa ou seja aceitando como forma de pagamento. Em paralelo, as regulamentações também devem evoluir, o que tende a criar uma estabilidade jurídica e de mercado para todos os envolvidos, aumentando assim a segurança e a credibilidade das criptomoedas como um todo.

Hoje em dia as redes sociais estão repletas de tutoriais ensinando a iniciar no processo de mineração de criptomoedas, o que tornou o conhecimento da prática familiar para quem gosta do assunto investimento em moedas digitais. A mineração de criptomoedas é uma prática rentável hoje no Brasil? Como você avalia esse cenário?

BE- Hoje em dia as redes sociais estão repletas de tutoriais ensinando a iniciar no processo de mineração de cripto moedas. O que tornou o conhecimento da pratica familiar para quem gosta do assunto investimento em moedas digitais. A mineração de cripto moedas é uma pratica rentável hoje no Brasil? Como você avalia esse cenário?

BT- Não é uma prática rentável. Até alguns anos atrás, como a concorrência era muito menor, era possível minerar em casa até em computadores pessoais normais. Mas isso não é mais uma realidade. A mineração agora é uma operação profissional: grandes empresas com centenas ou milhares de máquinas, com enormes galpões refrigerados, contas de luz gigantescas e complexos sistemas tecnológicos.

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