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ENTREVISTA – CARLOS ANDRADE PRESIDENTE DA FECOMÉRCIO BAHIA

Redação - 08/06/2020 07:00 - Atualizado 08/06/2020

Por: João Paulo Almeida

Bahia Econômica: O comércio tem sido um dos segmentos mais prejudicados pela quarentena. Existem setores que estimam um nível de fechamento de lojas chegando a 50% no período pós pandemia. Na sua opinião qual será o principal impacto do isolamento social no comércio?

Carlos Andrade: Na minha opinião o maior impacto que a pandemia vai trazer para o comércio é o desemprego. Eu acredito que muitas empresas terão que desligar seus funcionários no período pós pandemia. Hoje já passamos de 60 dias com shoppings fechados e cada loja do shopping, segundo estudo do Sebrae, emprega entre 4 e 5 funcionários. Segundo pesquisa divulgada no dia 10 de abril 600 mil postos de trabalho haviam sido desligados no comércio. Em 10 de maio esse número pode ter dobrado chegando a mais de um milhão de postos de trabalho desligados. Na Bahia mais ou menos 30% dos empregos do comércio vão desaparecer. Então é preciso ainda se ter uma decisão de como enfrentar a doença e saber que o comércio será muito afetado.

BE- Como o senhor avalia as medidas do governo federal como liberação de crédito e isenção de pagamentos como forma de sustentar o comércio nesse período de portas fechadas?

CA- Eu avalio de duas formas. Os bancos públicos estão sim com muita disposição em ajudar as pequenas e médias e micro empresas. Eles tem sentado para negociar com os empresários eles tem se mostrado dispostos a fornecer credito para empresas enfrentarem essa crise eles tem sido parceiros do empresário. Porém os bancos particulares tem tido uma atuação muito tímida. O Itau por exemplo teve um faturamento alto no ano passado e dou apenas R$ 1 bilhão para ajudar as empresas. Eles gastam muito com propagandas na TV e não disponibilizam crédito com facilidade para as empresas. Em relação ao governo e a prefeitura eu aprovo as medidas de união. E o governo Federal também tem ajudado com o auxilio emergencial e outras medidas de isenção de impostos.

BE- Na sua opinião o comércio deve reabrir ?

CA- Essa é uma questão do ministério da saúde e da organização mundial da saúde. Eu digo o seguinte. Primeiro a vida depois a saúde depois a economia e o emprego. Se houver um estudo que garante segurança e saúde para os profissionais que trabalham e as pessoas que compram o comércio devem reabrir. Mas hoje nem vacina nós temos então é preciso se ter essa dimensão. Precisamos preservar a vida e depois a economia. Outro detalhe importante. A responsabilidade de abrir ou não o comércio é da prefeitura. Os prefeitos da Bahia e do Brasil devem se responsabilizar pelo que ocorrer.

BE- Em meio à pandemia existem setores do comércio como supermercados que apresentaram alta. Na sua opinião, faltou criatividade de alguns comerciantes para se reinventar nesse período de quarentena?

CA- Eu digo que esses números de alta estão equivocados. Os setores de supermercado e farmácia por exemplo também estão sofrendo com a pandemia pois não tem ninguém nas ruas fazendo nada. Então a movimentação também foi de baixa. Eu acredito que os setor de farmácia caiu em média 6% e os supermercados 3%. Não tem gente na rua para comprar nada então as coisas estão complicados por todos os setores.

BE- Qual a sua expectativa para o resultado final do comércio no ano de 2020?

CA- Não tenho como te responder isso agora, pois não sabemos quando a pandemia vai acabar. O Vírus continua crescendo ai e nós não sabemos como faremos para sobreviver. Se as coisas estivessem normais e as vendas mantivessem o crescimento de 2019 seria um ano de alta nas vendas, mas hoje é impossível dizer o que vai acontecer. Depois que as lojas voltarem a funcionar são 120 dias no mínimo para o consumidor voltar a ter coragem para comprar. Então as coisas ainda não estão prontas para voltar ao normal. Não sabemos o que pode acontecer.

BE- Sobre a prefeitura ter aplicado lockdown aplicado pela prefeitura de salvador

CA- Eu aprovo. São medidas restritivas que devem trazer algum beneficio para população em curto período. Nós precisamos diminuir a curva de crescimento da contaminação, então não tem o que se falar não. Simplesmente temos que fazer as coisas. São medidas aplicadas em locais onde a circulação estava em alta. Não tem o que se fazer. Eu aprovo sim.

Foto: divulgação

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