quinta, 21 de agosto de 2025
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ARMANDO AVENA – O ESTRANHO PAÍS COM INFLAÇÃO DE 0,25% E JUROS DE 15%

Redação - 21/08/2025 06:57 - Atualizado 21/08/2025

O Brasil é um país estranho. O tarifaço imposto pelo Presidente Trump por motivos políticos terá um impacto macroeconômico de menos de 2% no PIB brasileiro, mas  tomou os jornais e teve o condão de unir o país, setor público e setor privado, em busca de medidas para minorar o problema. Já a disparidade entre a inflação vigente e a taxa de juros usada para combatê-la, que prejudica 100% da economia brasileira e não se vê em nenhum país do mundo, não dá manchete de jornal e tampouco une o governo e o setor privado.

E, no entanto, é estranho, para não dizer absurdo,  que um país com inflação de 0,25% ao mês tenha uma taxa de juros mensal cinco vezes maior.  A inflação no Brasil foi de 0,26% em julho, quando a expectativa era de 0,35%. E só não foi menor por conta da energia elétrica residencial, que subiu por fatores pontuais. A queda da inflação tem sido impressionante: em cinco meses o IPCA caiu de 1,31%, em fevereiro, para 0,26% em maio, 0,24% em junho e 0,26% em julho.

Com isso, a inflação brasileira nos últimos três meses foi em média 0,25%, que, anualizada, indica que voltou ao centro da meta. É verdade que houve um pequeno repique na inflação de serviços e que, em doze meses, a inflação ainda está acima do teto da meta, mas a economia está desacelerando visivelmente e os preços dos alimentos caindo, o que leva de imediato à pergunta: É razoável manter uma taxa de juros real de 12%, a maior do mundo, quando a economia está em desaceleração e os preços estão com nítida inflexão para baixo?

Para se ter ideia de como é estranha essa disparidade entre juros e inflação no Brasil, basta verificar que a Argentina que, agora em julho, registrou uma inflação mensal de 1,9%, quase oito vezes maior que a do Brasil, tem uma taxa de juros real de apenas 4%. E aqui vêm a pergunta que não quer calar: por que o Banco Central resiste em iniciar o ciclo de queda nos juros, implicando em efeitos graves no crescimento econômico e na redução do investimento, se a inflação se mantém em queda há mais de cinco meses?

Mas, dirão alguns, em 12 meses a inflação está acima do teto da meta, o que recomendaria cautela. Cautela, talvez, mas não manter um juro real estratosférico, ainda mais sabendo que esse indicador mede a inflação passada e que a inflação futura, o crescimento do PIB e o consumo das famílias estão nitidamente em queda. Não seria mais natural que o Banco Central pelo menos desse início ao ciclo de queda na taxa de juros?

O país está tão habituado a uma taxa de juros alta que, apesar da queda acelerada da inflação e do crescimento menor do PIB, o mercado prevê, como se fosse algo normal, que a taxa Selic terminará o ano em 15% e fechará 2026 em 12,5%.

O Brasil convive com uma taxa de juros que só beneficia aos bancos e aos rentistas, mas desestimula o investimento. Para conviver com esse cenário, as empresas produtivas são obrigadas a hipertrofiar seus setores financeiros e, em muitas delas, a receita no mercado financeiro é maior que a receita operacional.  E assim, os juros altos seguem explicando porque o Brasil é sempre o país do futuro.

                                                      GOVERNO RENOVA COM A FCA

Há notícias de que o ministério dos Transportes e a VLI Logística fecharam o acordo para renovar a concessão da FCA – Ferrovia Centro-Atlântica. O acordo prevê investimentos de R$ 20 bilhões na malha ferroviária, sem incluir a troca de locomotivas e vagões. E prevêem contrato a revitalização completa do corredor Minas-Bahia, entre Corinto(MG) e Aratu (BA) e não apenas investimentos em material rodante. Estaria incluso, a construção de uma nova ponte, para a passagem dos trens, entre os municípios baianos de São Félix, mas só se houver movimentação suficiente de cargas e  reequilíbrio econômico do contrato no futuro. O ministério precisa dar detalhes.

                                                     OS RESULTADOS DA  ACELEN

A Acelen divulgou seu Relatório de Sustentabilidade 2024 e a  gestão da Refinaria de Mataripe foi destaque.  Já foram investidos mais de R$ 3 bilhões na refinaria desde 2021, incluindo aí a transformação digital e projetos de automação e tecnologia. Foi concluída a primeira fase da modernização do Temadre, viabilizando a atracação de navios de grande porte, tipo SuezMax. E houve redução significativa do impacto ambiental:  79% de redução nas emissões de enxofre; 20% de redução na queima de gases; 11% de economia no consumo de água; e 90% dos resíduos foram reaproveitados ou reciclados. E na área social foram investidos R$ 9,8 milhões beneficiando 52 comunidades e 2,8 mil pessoas.

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